Num discurso dirigido a estudantes durante a visita que hoje realizou a Kiev, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos defendeu que a compensação de Moscovo pela destruição provocada pela invasão russa da Ucrânia, desde 24 de fevereiro de 2022, é "o que o direito internacional exige e é o que o povo ucraniano merece".

Blinken assegurou que Washington tem a intenção de utilizar para este fim os bens russos apreendidos pelos Estados Unidos após o começo da invasão, ao mesmo tempo que recordou que o seu país está ao lado da Ucrânia "desde o primeiro dia" do conflito.

"E estaremos ao vosso lado até que a segurança, a soberania e a capacidade da Ucrânia de escolher o seu próprio caminho estejam garantidas", afirmou, num momento em que as forças de Kiev estão fortemente pressionadas pelas tropas de Moscovo nas frentes de combate no leste e nordeste do país e insistem na necessidade urgente de armamento e munições.

O governante norte-americano considerou que este é "um momento crítico" e vaticinou que "as próximas semanas e meses exigirão muito dos ucranianos, que já se sacrificaram tanto". E insistiu: "Vim à Ucrânia com uma mensagem: vocês não estão sozinhos".

Antony Blinken observou que, às vezes, ouve-se que o tempo está do lado do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, atendendo à população superior do seu país, à determinação do Kremlin de "lançar mais russos para o triturador de carne que criou" e do investimento em mais recursos na "tentativa de subjugar a Ucrânia".

No entanto, comentou que, "na verdade, a Rússia tem perdido a batalha para controlar o destino da Ucrânia há 20 anos" e Putin comete um erro de avaliação nesta guerra, argumentando que o tempo está do lado de Kiev: "À medida que a guerra avança, a Rússia volta atrás no tempo. A Ucrânia avança".

No seu discurso aos estudantes do Instituto Politécnico de Kiev, o secretário de Estado norte-americano referiu-se também à controversa nova lei de mobilização da Ucrânia, que baixa a idade mínima do recrutamento para os 25 anos e condiciona a permanência de homens em idade militar no estrangeiro, considerando que é "difícil mas necessária", à luz do contexto de guerra.

Para Blinken, o novo texto legal permitirá "fortalecer a defesa" da Ucrânia e fornecer ao seu Exército "tropas adicionais para lutar contra uma força invasora superior".

Anteriormente, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos sustentou que a nova ajuda militar norte-americana à Ucrânia, recentemente aprovada, fará uma "verdadeira diferença" no campo de batalha.

Nos últimos dias, as tropas de Moscovo capturaram cerca de 100 a 125 quilómetros quadrados na região de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, ao mesmo tempo que fazem esforços concertados para penetrar na província parcialmente ocupada de Donetsk, no leste do país.

Analistas consideram que este é um dos períodos mais perigosos para a Ucrânia desde o início da invasão russa.

"Sabemos que este é um momento desafiador", disse Blinken em Kiev, onde se encontrou com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e com o seu homólogo, Dmytro Kuleba.

A visita ocorre menos de um mês depois de o Congresso dos Estados Unidos ter aprovado um pacote de assistência externa, há muito adiado, que reserva mais de 55 mil milhões de euros a Kiev, incluindo a reposição de sistemas de artilharia e de defesa aérea que se encontram praticamente esgotados.

"Parte dessa ajuda já chegou e outra está a caminho", disse Blinken hoje na capital ucraniana.

Zelensky agradeceu a ajuda fornecida pelos Estados unidos, mas acrescentou que é necessário mais, incluindo dois sistemas de Patriot para proteger Kharkiv com urgência.

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