"Recebi muitos prémios e fui atleta do ano pela CNID, mas este é especial, pela sua dimensão e pelo que representa, ao fim de 40 anos, e que faz parte da minha memória e que deu outra dimensão e valor ao desporto português", reagiu Carlos Lopes.

O atleta viseense, medalha de ouro na maratona dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, recebeu hoje por parte do CNID a distinção "mérito internacional", o que lhe avivou a memória de 12 de agosto.

"Quem é que alguma vez tinha visto a bandeira portuguesa nos Jogos Olímpicos? Isso marcou o desporto, a vontade, a consciência e fez com que todos acreditassem que é possível chegar onde eu cheguei", disse.

Carlos Lopes desafiou ainda os responsáveis desportivos e das cidades a "abrirem os espaços existentes, os poucos que há, para que os jovens se sintam livres e possam fazer o que gostam, devidamente encaminhados".

"Os espaços deviam estar mais bem definidos e abertos, porque muitas vezes estão fechados. Eu corria por todo o lado, tinha essa liberdade, mas hoje já não é assim e os jovens merecem esses espaços", defendeu o atleta, que correu "a chorar, com amargos de boca e com sangue nos pés, mas sem nunca desistir".

Inês Barros recebeu a distinção de "atleta do ano" na modalidade de tiro com armas de caça, um desporto que "começou como uma brincadeira, a acompanhar o pai, e que hoje "é um 'hobby' muito sério" e, com 22 anos, é campeã europeia e mundial.

A primeira mulher a representar Portugal na modalidade, disse à agência Lusa sentir-se "nervosa" por estar junto de Carlos Lopes e Rosa Mota, de quem recebeu o prémio, e percebeu que, também ela, é agora uma referência para os mais novos que a abordam na Associação de Caçadores Vale do Tâmega, a que pertence.

"O nosso sonho, de atletas, é representar Portugal e trazer o ouro, é para isso que trabalhamos, mas espero orgulhar o nosso país, é só o que quero e, mais ainda, sendo a primeira mulher em tiro ", desejou.

Entre os galardoados do desporto, mas ausentes na cerimónia no Solar do Vinho do Dão, em Viseu, estiveram também nomes como Francisca Nazaré 'Kika' (jogadora I Liga), Jorge Jesus (treinador no estrangeiro) e João Neves (revelação).

Tiago Margarido (treinador II Liga), Viktor Gyökeres (jogador I Liga), Ruben Amorim (treinador I Liga), dupla canoagem João Ribeiro e Messias Batista (equipa do ano) e Diogo Ribeiro (atleta do ano), foram os restantes premiados, mas ausentes em Viseu.

João Costa (jogador da III Liga) e Anderson Silva 'Nene' (jogador da II Liga) marcaram presença na gala, que homenageou antigos atletas e dirigentes desportivos da região como João Cavaleiro, Carlos Marta, Paulo Sousa, Fernando Seara e José Couceiro.

Na gala da CNID os jornalistas desportivos foram também o centro da cerimónia com Ribeiro Cristóvão a receber o prémio Carreira, um nome que os restantes pares homenageados deram como referência na sua vida profissional.

Luís Rocha falou em nome do projeto ZeroZero, Octávio Passos (fotojornalismo) recebeu o prémio Nuno Ferrari, Fernando Eurico (rádio) o prémio Artur Agostinho, Filipa Pereira (televisão) o prémio Alves dos Santos, David Novo (imprensa escrita) o prémio Neves de Sousa e o prémio Vitor Santos (revelação) para Rita Silva Vieira.

Silvino Cardoso recebeu o prémio dos jornalistas correspondentes e foram homenageados pela vida dedicada ao jornalismo desportivo na região Carlos Bergeron e José Alberto Marques.

A CNID, juntamente com o Plano Nacional de Ética no Desporto (PNED) distinguiu ainda os trabalhos jornalísticos de Vitor Santos, Vilma Reis e Filipa Queiroz, Emanuel Pereira, Sara Dias Oliveira e Maria João Gala, Eduardo Soares e João Carlos Malta e ainda o trabalho de Simão Freitas, Tomás Guerreiro e Paulo Pimenta.

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