A comparação com De Gaulle
O Jornal francês, Le Monde, comparou o General Spínola, presidente da Junta de Salvação Nacional portuguesa, ao falecido General De Gaulle. A comparação baseia-se no fato do General De Gaulle, grande patriota, ter introduzido reformas com apoio militar e ter sido o iniciador da descolonização.
Fonte: Fatos e Fotos, Brasília, 13 de maio de 1974 - N.0 664
A emigração
O Diário Popular de Lisboa publicou uma reportagem dando conta de que Paris é a terceira cidade do mundo em população portuguesa. Segundo a reportagem, em 1974, trabalhavam em Paris 812 mil portugueses, "constituídos por jovens mal pagos, dóceis e que se sujeitam à execução de trabalhos insalubres". Atualmente, de acordo com os dados mais recentes das Nações Unidas, França é o país onde mais emigrantes portugueses residem, mais de 600 mil, o que representa 31% do total de emigrantes portugueses no mundo (cerca de 2 milhões).
Fonte: Fatos e Fotos, Brasília, 13 de maio de 1974 - N.0 664
As primeiras eleições livres
As eleições para a Assembleia Constituinte, a 25 de abril de 1975, foram as primeiras eleições livres com sufrágio universal realizadas no país. Este ano o voto foi a arma do povo, tendo-se observado uma abstenção de apenas 8,34%.
Fonte: Folheto Todos Às Urnas
A comunicação da vitória
Os presos políticos da prisão de Caxias receberam a comunicação de que o governo caíra de forma original. Um automóvel, após a vitória dos revolucionários, parou à porta da prisão e transmitiu uma mensagem, através da buzina, em Código Morse.
Fonte: Fatos e Fotos, Brasília, 13 de maio de 1974 - N.0 664
O 1º de maio
Um dos primeiros decretos-lei instituídos pela Junta Militar proclamava o 1º de maio como feriado nacional. Portugal era dos raros países que não comemorava essa data. Nesse ano, 1974, a efusão foi contagiosa, com manifestações populares no Terreiro do Paço e arredores.
Fonte: Fatos e Fotos, Brasília, 13 de maio de 1974 - N.0 664
A amnistia geral
Uma das primeiras medidas do novo governo português foi dar amnistia geral a todos os prisioneiros políticos. Assim, presos como Palma Inácio, que desde 1947 estava na clandestinidade, puderam voltar à vida normal. Enquanto isso, os "pides" eram perseguidos e levados para o presídio de Caxias.
Fonte: Fatos e Fotos, Brasília, 13 de maio de 1974 - N.0 664
As restrições ao consumo
O Diário das Sessões Nº76, de 2 de fevereiro de 1955, da Secretaria da Assembleia Nacional aborda as restrições ao consumo da Coca Cola, a chamada “Pepsicola”. No documento pode ler-se: “Por outro lado, e para benefício da sua própria saúde, há que levar o indígena a repelir e pôr de lado bebidas cafreais e criar-lhe e radicar-lhe o gosto pelas bebidas nacionais. Assinale-se ainda o facto de que errado caminho se trilhará sempre que se possibilite o aparecimento e expansão de certas bebidas completamente fora do nosso uso tradicional. O caso causa estranheza, merece censura e inculca, em meu entender, a adoção de medidas restritivas.”
Fonte: Diário da República, Diário das Sessões Nº76, de 2 de fevereiro de 1955
O casamento das professoras
O artigo 9º do Decreto-Lei nº27279, de 24 de novembro de 1936, faz depender o casamento das professoras de ensino primário de autorização do Ministro da Educação Nacional, autorização esta que só pode ser concedida perante a prova de situação moral e económica compatível com o prestígio exigível para o exercício da função docente.
Fonte: Diário da República, Ministério da Educação Nacional, Decreto-Lei nº49473
A censura
No Decreto-Lei nº 22:469 constam algumas referências à censura instaurada durante o Estado Novo. No artigo 2º pode ler-se: “Continuam sujeitas a censura prévia as publicações periódicas definidas na lei de imprensa, (…) folhas volantes, folhetos, cartazes e outras publicações, sempre que em qualquer delas se versem assuntos de caráter político ou social.
Fonte: Diário da República, Decreto-Lei nº 22469
A modéstia
Durante o Estado Novo foram decretadas leis que condicionaram o uso da roupa balnear. No Decreto-Lei nº 31:247 pode ler-se: “Ao mesmo tempo que se fixam as condições mínimas a que devem obedecer os fatos de banho, atende-se às exigências do desporto de natação; determina-se a competência respetiva das autoridades com jurisdição na matéria, estabelecem-se sanções a aplicar aos que não cumprirem o que se dispõe e institui-se um sistema de fiscalização.”
Fonte: Diário da República, Decreto-Lei nº 31247
As proibições
Sabia que já foi proibido o uso e/ou detenção de um isqueiro para quem não tem licença? Em 1937, a Direção Geral das Contribuições e Impostos decretou que “é proibido o uso ou simples detenção de acendedores ou isqueiros que estejam em condições de funcionar quando os seus portadores não se acham munidos da licença fiscal”.
Fonte: Diário da República, Direção Geral das Contribuições e Impostos, Decreto-Lei nº 28219
O cabaz de preços
No jornal A Capital, nº2213, publicado a 25 de abril de 1974, podemos encontrar um espaço dedicado ao “Cabaz de Preços” dos alimentos de primeira necessidade. Nesta altura os legumes eram escassos e a carne, embora abundante, continuava cara. Um bife de vaca rondava os 62 escudos, um balúrdio na altura, 30 cêntimos nos dias de hoje.
Fonte: A Capital, nº2213, 25 de abril de 1974
O comunicado
Às 13h, no dia 25 de Abril de 1974, a Rádio Clube Português emitiu o seguinte comunicado: “O Movimento das Forças Armadas informa as famílias de todos os seus elementos que eles se encontram bem e que tudo decorre dentro do previsto.”
Fonte: Diário de Lisboa, 25 de abril de 1974
O contra comunicado
Não existiram contra comunicados: Durante toda a manhã do 25 de abril de 1974, a população do país tomou conhecimento da evolução da situação apenas através dos comunicados do Movimento, difundidos pela rádio. Os meios de comunicação do Governo estiveram paralisados.
Fonte: Diário de Lisboa, 25 de abril de 1974
A escolha da data
O 25 de abril de 1974 não foi a primeira data pensada para o golpe militar. Na verdade, várias tentativas já tinham sido colocadas em prática, mas sem êxito. Destaca-se o 16 de março de 1974, quando uma coluna militar saiu do regimento das Caldas da Rainha com destino a Lisboa, onde seria acompanhado pelos regimentos de Lamego, Mafra e Vendas Novas. Acontece que, uma rebelião em Lamego fez com que os restantes não quisessem arriscar, e a missão foi abortada já os militares estavam em Santarém. Apesar de terem regressado às Caldas da Rainha, os militares acabaram por ser detidos.
Fonte: A Capital, 26 de abril de 1974