O líder do Chega/Açores, José Pacheco, disse hoje em conferência de imprensa que o partido foi surpreendido com a notícia de que os doentes deslocados na ilha do Faial devido ao incêndio no Hospital do Divino Espírito Santos (HDES), em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, estão a ser retirados dos hotéis para "se poder alojar os políticos que vão estar no Dia dos Açores, assim como também [os que participam] na discussão do Orçamento" no parlamento açoriano.

"Isto é grave demais e ridículo demais para ser verdade", afirmou o dirigente e líder parlamentar do Chega açoriano.

Na opinião de José Pacheco, "a solução é muito simples": "Não temos alojamento, cancelamos o Dia dos Açores [agendado para segunda-feira, na Horta), cancelamos o Orçamento [que vai ser discutido no parlamento regional, que também funciona na cidade da Horta, entre terça-feira e sexta-feira]. Adiamos, fazemos noutro dia".

"Os Açores sobreviveram até agora sem Orçamento, podem sobreviver mais uma semana, quinze dias, um mês. (...) Não morre ninguém por não haver Orçamento. E não morre ninguém se não se fizer o Dia dos Açores na Assembleia, na segunda-feira", defendeu.

O líder do Chega/Açores considera que, com esta decisão, o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) "falhou redondamente" e de uma forma "incompetente e negligente".

"Não se tratam pessoas doentes desta forma. O Chega não se revê nisto, o Chega acha que isto é uma vergonha", considerou.

Explicou ainda que dada a situação, o partido que lidera "já cancelou o seu hotel" na Horta.

"Somos sete pessoas que vamos para a ilha do Pico, por opção própria, pago por nós, para que não estejamos a ocupar sete quartos de hotel que podem muito bem ser atribuídos a estes doentes. Eu desafio os outros partidos e o Governo Regional a terem a mesma atitude que nós tivemos", declarou.

Para o Chega açoriano, houve "uma negligência muito grande" do executivo de coligação em relação ao assunto: "E isto é inaceitável. Não se tratam as pessoas assim".

Os utentes da ilha de São Miguel que se encontram no Faial a fazer hemodiálise, devido ao incêndio no HDES, vão ser realojados por falta de disponibilidade dos hotéis onde foram inicialmente acolhidos, explicou hoje a secretária regional da Saúde.

"Quando os hotéis foram contactados para receber estes utentes não houve qualquer tipo de hesitação. Contudo, atendendo às festividades da próxima semana, não há disponibilidade dos hotéis, que já tinham compromissos assumidos e, claro, que a nossa preocupação foi continuar a acautelar uma resposta social de alojamento, alimentação e pagamento de diárias a estes utentes, de forma digna", afirmou, em declarações à Lusa, Mónica Seidi.

Em causa estão 31 utentes, que foram transferidos para a ilha do Faial para continuar os tratamentos de hemodiálise.

Parte dos doentes ficará alojada no centro de estágios do Serviço de Desporto do Faial e os restantes "serão distribuídos por uma residencial, uma hospedaria e apartamentos que são designados por apartamentos militares".

ASR (CYB) // MCL

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