A ideia do 'Pet Friendly Guarda' (amigo dos animais domésticos) partiu de Jó Andrade, enfermeiro de profissão que há dois anos decidiu adotar a Kira, uma cadela do canil municipal.

Cedo deu conta de que na cidade não havia quase nenhum lugar onde a família pudesse estar com a nova companheira.

"Começámos a desafiar amigos para perguntarem sobre sítios onde ela pudesse entrar quando andávamos a passear e surgiu a ideia de criar um movimento no Facebook para identificar os locais onde pudéssemos ir com os animais de companhia. Logo a seguir, pensámos numa forma de identificar os espaços de maneira diferente", relatou Jó Andrade à agência Lusa.

Para o efeito foi criado um autocolante para ser colocado nas entradas dos estabelecimentos: "É o nosso galardão. É o símbolo que identifica os locais onde os nossos 'pet' são bem-vindos. É bem visível, consegue ver-se do lado de fora se podem entrar animais".

O dístico de cor azul tem uma pata desenhada com a inscrição 'Pet Friendly Guarda'.

Jó Andrade reconheceu que até adotar a Kira não estava desperto para o tema.

"Era tudo novo para nós. Demos conta de que havia alguns locais como centros comerciais noutros pontos do país onde os animais já eram bem-vindos", apontou.

O dinamizador do movimento defendeu que "tendo uma cidade aberta aos animais de companhia é meio caminho andado para dizer às pessoas que adotar um animal não vai trazer transtorno à vida" de cada um.

Jó Andrade admitiu acreditar que a iniciativa pode ser também um incentivo à adoção plena, porque afinal se pode levar o animal para todo o lado.

Nesta dinâmica, o mentor do projeto ressalvou apenas que os donos têm de ter noção dos animais que têm: "Não é porque os estabelecimentos permitem a entrada de animais que nós podemos trazer qualquer animal. Fica sempre à responsabilidade se deve ou não entrar com o seu animal naquele local. Temos de os conhecer para saber se se vão comportar dignamente ou não", sublinhou.

Atualmente estão identificados mais de 30 espaços, entre centros de estética, lojas de roupa, barbeiros, cafés, pastelarias, lojas de acessórios e de artigos de decoração e até um restaurante.

O projeto também tem permitido divulgar mais os locais onde a entrada de animais já é permitida há vários anos. É o caso do Old Piano Café, de Daniel Margarido e Katy Spikes, que desde 2020 recebe animais e que recentemente foi distinguido com o dístico.

"Nós abrimos em 2019 e tornámo-nos logo 'pet friendly' assim que a legislação permitiu. Temos uma comunidade de clientes que tem animais e costuma vir. À sexta-feira é sempre uma festa", relatou Daniel Margarido.

A ideia de Jó Andrade contribuiu ainda para que alguns estabelecimentos tenham trocado o autocolante que proibia a entrada de animais pelo do 'Pet Friendly'.

Um dos exemplos é a barbearia Donjuan, onde o funcionário Filipe Soares de Oliveira gostou da mudança e não vê "mal nenhum" em ter animais por perto.

"Já tivemos clientes que vieram com os animais e foi tranquilo", apontou.

EDYG // SSS

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