"A polícia sueca está a investigar uma queixa apresentada por um membro feminino da equipa de produção, na sequência de um incidente que ocorreu após a sua atuação na semifinal de quinta-feira à noite", afirmou a União Europeia de Radiodifusão (EBU), em comunicado.

"Enquanto os procedimentos legais seguem o seu curso, não seria apropriado que ele continuasse a participar na competição", acrescentou.

O canal holandês Avrotros já considerou "desproporcionada" a exclusão do concorrente, e disse estar "chocado com a decisão", assegurando que voltará ao assunto "mais tarde", segundo um comunicado que enviou à AFP.

A final do 68.º Festival Eurovisão da Canção é disputada hoje em Malmö, na Suécia, com a Croácia, Israel e Suíça como favoritas à vitória de uma edição marcada pelo conflito israelo-palestiniano.

Portugal concorre com a canção "Grito", de Iolanda, que na sexta-feira à noite surgia no 23.º lugar das preferências dos apostadores.

Embora o lema do concurso seja "unidos pela música", o evento deste ano atraiu grandes protestos dos palestinianos e dos seus apoiantes, que dizem que Israel deve ser excluído devido à sua conduta na guerra contra o Hamas.

O conflito israelo-palestiniano dura há décadas, mas intensificou-se após um ataque do grupo palestiniano Hamas em Israel, em 07 de outubro, que causou quase 1.200 mortos.

Israel, liderado por Benjamin Netanyahu, respondeu com uma ofensiva que provocou mais de 34 mil mortos na Faixa de Gaza, segundo balanços das duas partes.

Para cumprir as regras de proibição de declarações abertamente "políticas" do concurso, os organizadores da Eurovisão instaram Israel a alterar o título original da sua canção, "October Rain" - uma aparente referência ao ataque do Hamas de 07 de outubro -, que passou a aer intitulada "Hurricane" (Furacão).

Milhares de pessoas são esperadas numa marcha - a segunda esta semana - na terceira maior cidade da Suécia, que tem uma grande população muçulmana, para exigir um boicote a Israel e um cessar-fogo na guerra de sete meses.

Dezenas de manifestantes invadiram hoje a sede da televisão pública finlandesa, Yle, para exigir boicote à final do Festival Eurovisão da Canção devido à presença israelita.

Os manifestantes afirmam que Israel está a usar a Eurovisão como plataforma para branquear a sua imagem com a participação da cantora Eden Golan.

Vários apelos foram feitos por representantes políticos e artistas europeus à EBU para que a participação do país no concurso fosse vetada.

A título de exemplo, na sexta-feira, a vice-presidente do governo espanhol e ministra do Trabalho, Yolanda Diáz, numa publicação na rede social X, citada pela agência EFE, recordou que o Festival Eurovisão da Canção "é alegria, paz e diversidade, não uma montra para branquear o genocídio do povo palestiniano por Israel, que é morte, destruição e ódio".

Para a governante espanhola, Israel "é incompatível com os valores promovidos pelo concurso e não deveria participar" no certame.

A final do Eurofestival da canção será transmitida em direto na RTP1, a partir das 20:00.

RCS (DD/JRS) // JMR

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