Em entrevista à agência Lusa, Duarte Seabra realça que a qualificação já foi uma vitória, mas não acha irrealista o conseguir chegar à fase final da competição em Paris.

"Eu tenho saltado todos os concursos de cinco estrelas - nível máximo -, pelo que acredito que uma passagem a uma fase final dos Jogos é realista. Depois, tudo pode acontecer, mas eu acho que o passar a uma fase final já era uma vitória. Ter-me classificado para os Jogos já foi uma primeira vitória, mas acho que chegar a uma fase final é um objetivo realista e deixava-me muito orgulhoso caso conseguisse", sublinhou o cavaleiro.

Duarte Seabra conseguiu a vaga para Portugal no início do ano, montando o cavalo Dourados 2, com o qual vai participar nos Jogos, mas, para evitar quaisquer sobressaltos, conseguiu recentemente apurar um segundo cavalo, o Van Allen.

"Consegui qualificar-me com o Van Allen, que é um cavalo que eu tenho há pouco tempo. Saltei em Xangai a semana passada e consegui no Grande Prémio o resultado que me permitiu assegurar a classificação do cavalo, assegurando-me um plano B. Dá-me alguma segurança, mas o plano A será sempre o Dourados", disse.

Apesar de ter os dois cavalos apurados, Duarte Seabra 'apostas as suas fichas' no Dourados 2.

"A preparação está a correr bem. Neste momento, tenho os dois cavalos qualificados e prontos para participarem nos Jogos, mas o Dourados é a minha primeira opção. Está tudo a correr bem, o cavalo está em boa forma, tenho feito este ano concursos quase nos quatro cantos do mundo, o que me tem permitido fazer uma boa preparação. As expectativas até ao momento são boas", assumiu.

Num desporto em que a sintonia entre cavaleiro e cavalo é crucial, Duarte Seabra admite que essa é uma das maiores preocupações quando parte para uma prova.

"Sem dúvida, este desporto tem essa particularidade, são dois seres vivos que estão a competir. Podemos estar na nossa melhor forma e a sentirmo-nos muito bem, mas o cavalo não, ou vice-versa, o cavalo estar muito bem e nós, por alguma razão, naquele dia não estarmos. É isso que faz deste desporto ser também especial. Quando as coisas se conciliam e o resultado aparece, dá uma satisfação muito grande. É isso que eu espero, que naqueles dias tudo esteja alinhado", frisou.

O cavaleiro luso mostrou ainda o seu orgulho por ter conseguido a vaga para Portugal e por ter sido numa disciplina, obstáculos, em que as últimas representações tinham ficado a cargo da luso-brasileira Luciana Diniz, que participou nas edições de Londres2012, Rio2016 e Tóquio2020.

"Fico orgulhoso de ter conseguido a vaga, mas também ficaria muito contente que não fosse assim, porque era sinal que muitos mais cavaleiros portugueses já tinham conseguido fazer aquilo que eu consegui fazer. Depois de tantos anos, voltarmos a ter um cavaleiro nascido em Portugal, neste caso 100% português, eu acho que é um motivo de orgulho, que é um passo grande para a nossa disciplina e prova que realmente é possível", afirmou, orgulhoso, o cavaleiro.

Apesar de ter a presença na fase final da competição em Paris2024, Duarte Seabra ainda encara a estreia como aprendizagem.

"Eu vejo estes Jogos Olímpicos um bocadinho como quando nós fazemos a nossa primeira casa e, normalmente, a segunda sai sempre melhor. Por isso, eu gostava de usar estes Jogos para aprender muito sobre esta preparação e tudo o que envolve uma participação, para, então com muito mais dados e experiência, ter uma participação mais ambiciosa", frisou.

Já sobre o futuro da modalidade em Portugal, mostrou a esperança de que os seus resultados e os de outros cavaleiros possam ajudar no seu desenvolvimento.

"Espero que as nossas várias conquistas possam servir sirvam de lição para que quem manda no nosso desporto nos consiga ajudar mais e melhor, porque este é um desporto muito dispendioso e nós precisamos muito de apoio, para que tudo continue a evoluir", concluiu.

A competição de obstáculos individuais dos Jogos Paris2024 vai ser disputada no Castelo de Versailles, nos dias 05 e 06 de agosto.

VR // JP

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