Fadiga, febre, dores nas articulações, manifestações de pele e envolvimento de outros órgãos como o rim, o coração e ao nível hematológico são sintomas de lúpus. Contudo, nem sempre é fácil diagnosticar esta patologia, o que atrasa o início do tratamento. “Por razões ainda não completamente conhecidas, a doença não apresenta sempre as mesmas características e a gravidade pode ser muito diferente”, indica José Alves, presidente do Núcleo de estudos das doenças Autoimunes (NEDAI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI).

Face a este cenário foi lançada a campanha “Nem com LUPA se desvenda o mistério”, uma iniciativa da Associação de Doentes com Lúpus, Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas (LPCDR), Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN), Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR), Associação Nacional das Farmácias (ANF) e a AstraZeneca.

Conforme explica António Vilar, presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR), trata-se “de uma doença multifatorial com expressão sistémica, isto é, que pode afetar vários órgãos e sistemas, pelo que os sintomas são muito variados ao longo do tempo e do tratamento”. O problema é que este atraso contribui para que se percam meses ou anos de terapia que podia evitar a lesão irreversível de órgãos, como os rins, coração ou pulmões.

Acresce o impacto da doença na vida pessoal e profissional., como realça José Alves. “A generalidade das pessoas com esta doença podem ter sintomas muito incapacitantes e, por isso, terem um grande impacto na vida pessoal, social e profissional”. Além disso, continua, devem ser considerados “os aspetos financeiros pela abstenção no trabalho por limitação ou incapacidade e pelos gastos diretos em consultas, exames e medicamentos.”

Em Portugal, estima-se que haja cerca de 10.000 doentes em Portugal, de acordo com a SPR. O lúpus afeta mais mulheres jovens em idade fértil e a causa é desconhecida, apesar de se verificar “uma interação complexa” entre fatores genéticos, ambientais e hormonais que induzem uma desregulação do nosso sistema imunitário, com produção de anticorpos que atacam os órgãos.

O objetivo da campanha é dar a conhecer a doença, para que haja um maior número de diagnósticos, de preferência numa fase atempada, e para que os doentes e familiares possam ser mais apoiados.

Quanto aos profissionais de saúde, aconselha-se que olhem para as recomendações mais recentes da European Alliance of Associations for Rheumatology, EULAR, que visam uma abordagem individualizada do doente e a avaliação frequente com intervenções farmacológicas e não farmacológicas.

MJG

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