A queixa foi apresentada num tribunal penal por Gabriel Solano, do Partido Operário (esquerda).

Javier Milei, chegou hoje a Espanha, onde participa na convenção do partido de extrema-direita Vox, não estando previstas reuniões com o rei Filipe VI ou com membros do governo.

"Esta é claramente uma viagem privada feita com bens públicos e paga com fundos públicos do Estado argentino", afirma a denúncia, a que a agência EFE teve acesso.

O texto refere que "não existe agenda oficial presidencial" nesta viagem e que a "Argentina não mantém comunicação com as autoridades espanholas".

O ultraliberal Milei, no poder desde 10 de dezembro passado, partiu ao fim da tarde de quinta-feira do aeroporto internacional de Buenos Aires rumo a Madrid no avião presidencial.

Solano garantiu através das redes sociais que o custo total da viagem de Milei a Espanha ultrapassará os 500 mil dólares (460 mil euros) e considerou que tanto o presidente como a sua irmã, Karina Milei, alegadamente incorrem nos crimes de fraude contra a Administração pública, abuso de autoridade e desvio de fundos públicos.

"O próprio presidente reconheceu que a viagem não constitui uma visita de Estado, pelo que não deverá ser custeada pelo governo argentino. Estamos perante os piores vícios da casta política, que utiliza em seu benefício o orçamento público financiado pelos contribuintes", afirmou Solano na rede social X.

De acordo com a agenda da visita divulgada pelo governo argentino, Milei tinha previsto apresentar hoje em Madrid o seu livro "El camino del libertario".

No sábado, o presidente e alguns elementos da sua comitiva, incluindo a irmã, reúnem-se com dirigentes de empresas espanholas.

Milei tem ainda previsto um encontro com o deputado e presidente do partido Vox, Santiago Abascal, o seu principal aliado político em Espanha, antes de participar no domingo na convenção anual do partido, na qual vai discursar.

O porta-voz presidencial, Manuel Adorni, afirmou hoje que esta viagem não tem caráter "privado", disse que os custos são "variáveis" e não podem divulgados previamente, justificando ainda que durante a visita Milei se reúne, na sua qualidade de presidente, com empresários espanhóis.

Entretanto a 'número três' do governo espanhol, a ministra do Trabalho Yolanda Diaz acusou hoje Javier Milei de semear o "ódio".

"Não há muitos propagandistas de ódio, mas eles fazem muito barulho e inundam tudo", disse a ministra do Trabalho, Yolanda Diaz, durante um fórum no ministério.

"Milei e outros governos de ódio estão de volta com as suas curas de austeridade e o seu autoritarismo", acrescentou a ministra, líder do partido de extrema-esquerda Sumar, citada pela AFP.

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