"É chegado o momento de começarmos a pensar grande. Até podemos, naquilo que sabemos fazer, dizer 'isso já não sai de Moçambique, transformam aqui'. Podemos fazer isso", afirmou Nyusi, no discurso de abertura da XIX Conferência Anual do Setor Privado (CASP), que reúne em Maputo, até sexta-feira, dezenas de empresários nacionais e estrangeiros.

O chefe de Estado disse ainda que a indústria moçambicana já "não se deve limitar ao processamento da fase final de produtos por via de importação de produtos semiacabados", em "detrimento" da matéria-prima do país, como forma também de dinamizar as exportações nacionais.

"A nossa ação conjunta deverá convergir para promover as nossas potencialidades por via da promoção de relações intersetoriais, livres de proteção impostas por medidas de proteção fiscal. E há países que fazem isso. Nós não fizemos isso durante a nossa governação porque tínhamos de gerir e equilibrar muita coisa ao mesmo tempo, aquilo que não temos e aquilo temos, e se fazemos uma decisão radical poderemos não crescer", admitiu o chefe de Estado.

Empresários moçambicanos e estrangeiros reúnem-se a partir de hoje na XIX CASP, em que serão discutidos projetos avaliados em mais de 1.100 milhões de euros.

Segundo a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que organiza o encontro em conjunto com o Governo moçambicano, pretende-se refletir "sobre os progressos e desafios do Pacote de Medidas de Aceleração Económica (PAE)" e "debater" as condições no ambiente de negócios, para "tornar o país mais competitivo", contando com a presença de 80 empresários estrangeiros.

Com o lema "Investimentos e Negócios em Ambiente das Medidas de Aceleração Económica: Desafios e Oportunidades", a XIX CASP, espera, durante três dias, mais de 4.000 participantes presenciais e 20 mil virtuais, entre empresários e investidores nacionais e estrangeiros, instituições financeiras, parceiros de cooperação, instituições multilaterais e membros do Governo.

"Estão confirmados mais de 40 oradores nacionais e estrangeiros e delegações de mais de 12 países, como Maurícias, África do Sul, Angola, Brasil, Portugal, Holanda, França, Itália, Zimbabué, entre outros", refere-se na mesma informação, acrescentando que nas salas de negócios "serão discutidos projetos de diversos setores", avaliados em cerca de 1.200 milhões de dólares (1.112 milhões de euros).

Refere-se igualmente que já estão confirmadas mais de dez instituições financeiras e de desenvolvimento nacionais e internacionais, nomeadamente o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), que irá promover a linha de financiamento do Programa Compacto Lusófono, Trade Development Bank (TDB), Afreximbank, YW Capital, Development Bank of Southern Africa (DBSA), Fundo Empresarial da Cooperação Portuguesa (FECOP) e Internacional Islamic Trade Finance Corporation (ITFC).

Está prevista a participação ainda de "outras instituições financeiras que irão apresentar vários programas e facilidades de financiamento, que variam de 250 mil a 10 milhões de dólares norte-americanos", explicou a CTA.

Durante a conferência vai funcionar o "Market Place", um fórum de "facilitação de encontros entre produtores e potenciais compradores" para promover "negociações diretas com indústrias consumidoras de matérias-primas".

Durante a CASP haverá sessões bilaterais "dedicadas ao diálogo e promoção de parcerias e negócios com países estratégicos de Moçambique", para atração de investimentos, nomeadamente com o Brasil, Portugal, França (com uma delegação de 14 empresas do setor da energia) e da União Europeia.

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