"Trataram-no como um vilão, um negacionista, um 'consumidor de substâncias', um autoritário, um antidemocrático e uma pessoa 'muito má'. Espero que em algum momento reflitam e peçam desculpas sinceramente", disse Adorni na rede social X (antigo Twitter).

Também um outro porta-voz da presidência da Argentina, Javier Lanari, tinha acusado o ministro dos Transportes da Espanha, Óscar Puente, de insultar Milei, ao descreve-lo como "viciado em drogas", no início do mês.

"Ele não foi o único: a ministra da Ciência espanhola [Diana Morant] chamou Milei de 'negacionista' e disse que ele 'ataca a democracia'. Mas quem coloca as relações em risco e deve pedir desculpas é Milei...", ironizou Lanari.

No sábado, o Governo de Espanha tinha retirado a embaixadora do país em Buenos Aires por causa de declarações de Milei, que Madrid considerou como insultos ao líder do executivo, Pedro Sánchez.

Horas antes, Milei referiu-se, em Madrid, numa convenção do partido de extrema-direita Vox, ao "socialismo maldito e cancerígeno", antes de acrescentar: "Que cambada de gente aparafusada ao poder. Mesmo quando tem uma mulher corrupta, suja-se e tira cinco dias para pensar nisso".

O socialista Pedro Sánchez disse no final de abril que ponderava demitir-se invocando ataques à família, sobretudo à mulher, baseados em campanhas de desinformação. Passados cinco dias de reflexão, decidiu manter-se no cargo.

"O senhor Milei, com o seu comportamento, levou as relações entre Espanha e Argentina ao momento mais grave na nossa história recente", disse no sábado o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, numa declaração em que anunciou que chamou a Madrid a embaixadora María Jesús Alonso, "para consultas", por um período 'sine die'.

"Espanha também exige desculpas públicas ao senhor Milei. Caso não se produzam essas desculpas, tomaremos as medidas que consideramos oportunas para defender a nossa soberania e a nossa dignidade", acrescentou Albares, sem dar mais detalhes.

O ministro considerou que as palavras de Milei "ultrapassam qualquer tipo de diferença política e ideológica" e "não têm precedentes na história das relações internacionais e ainda menos na história das relações entre dois países e dois povos unidos por fortes laços".

Milei chegou a Madrid na sexta-feira e regressou no domingo à Argentina, depois de participar na convenção do Vox.

Foi a primeira viagem que fez a Espanha após ter tomado posse como Presidente, mas não teve encontros com autoridades do país.

O Governo argentino explicou na semana passada que Milei pretende regressar a Espanha em junho e aí pedirá audiências oficiais.

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