"Apraz-nos registar que temos muitos candidatos à presidência do partido, um sinal eloquente e inequívoco de democracia interna", disse Ossufo Momade, durante a abertura do congresso da Renamo, que se iniciou hoje e vai decorrer até quinta-feira.
O sétimo congresso do maior partido da oposição decorre em Alto-Molócue, na Zambézia, província do centro de Moçambique, e conta com cerca de 700 representantes, que deverão eleger o novo presidente da Renamo, entre nove candidatos.
Ossufo Momade disputa a liderança com Elias Dhlakama, irmão do líder histórico do partido (Afonso Dhlakama), Ivone Soares, deputada e antiga chefe de bancada parlamentar, André Magibire, antigo secretário-geral, Anselmo Vitor, chefe do departamento de formação, e Alfredo Magumisse, membro da comissão política.
Juliano Picardo, presidente do conselho provincial de Tete, Pedro Murema, vogal do conselho provincial da cidade de Maputo, e Hermínio Morais, membro da comissão política, também estão na lista de candidatos à liderança da Renamo.
O deputado Venâncio Mondlane também submeteu a sua candidatura à presidência da Renamo, mas foi excluído da lista por não reunir requisitos para o cargo, disse, na terça-feira, à Lusa, o porta-voz do partido, José Manteigas.
O conselho nacional da Renamo aprovou em abril o perfil do candidato à liderança do partido, exigindo, entre os requisitos, 15 anos de militância ininterrupta aos candidatos, o que não se verifica no caso de Venâncio Mondlane, que só se tornou militante em 2018.
"A todos os candidatos desejo boa sorte", declarou Ossufo Momade, que lidera o partido desde a morte de Afonso Dhlakama, em 2018.
O atual líder da Renamo esclareceu que o partido não foi obrigado a realizar o congresso, referindo que foi uma decisão tomada em 25 de janeiro pela Comissão Política daquela formação.
Em 23 de fevereiro, Venâncio Mondlane, deputado e candidato da Renamo à autarquia de Maputo nas eleições de outubro passado, submeteu duas providências cautelares contra Ossufo Momade, exigindo, numa, a marcação do congresso e, noutra, a anulação de exonerações feitas supostamente fora do mandato, que terminou em 17 de janeiro.
No dia do julgamento (22 de março), Saimone Macuiane, advogado da Renamo, fez o anúncio das datas para a realização do congresso no Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, como parte de um acordo com o deputado Venâncio Mondlane.
"Nós chegámos a um acordo relativamente à marcação do congresso. O congresso da Renamo vai decorrer entre os dias 15 e 16 de maio", disse, na altura, Saimone Macuiane à juíza do processo da providência cautelar intentada por Mondlane.
Segundo Ossufo Momade, o partido guia-se pelos estatutos e não por "chantagens e agendas ocultas", fazendo menção a uma alegada "corrente da discórdia" que fez entender que a marcação do congresso foi forçada.
"Não venham nos ensinar a democracia, porque nós somos os pais da democracia", acrescentou Momade.
O líder atual do partido tem sido externa e internamente criticado devido a alegada inércia face a supostas irregularidades nas eleições autárquicas moçambicanas de outubro passado, sendo também acusado de negligência face à situação dos guerrilheiros do partido desmobilizados à luz do acordo de paz com o Governo.
Moçambique realiza em 09 de outubro eleições gerais, incluindo presidenciais, às quais já não pode concorrer o atual Presidente, Filipe Nyusi, por ter atingido o limite constitucional de dois mandatos.
Após a eleição do presidente, a Renamo terá de clarificar qual o candidato que vai apoiar ao cargo de Presidente da República nas eleições de outubro, que, por norma, é o líder do partido.
LN // MLL
Lusa/Fim