"Tornei-me um patriota bacoco", diz João Cepeda, resumindo como uma ideia que juntou um grupo de jornalistas e que podia ter corrido bastante mal lhe mudou não apenas a vida mas a forma de ver o seu país.

Jornalista de paixão, numa temporada em Londres descobriu que a Time Out e Portugal faziam um fit perfeito; e pouco depois de trazer a revista, decidiu levar a Londres um projeto arrojado: materializar as páginas que tinham uma legião de fiéis seguidores pelo mundo num espaço que reunisse o melhor da gastronomia da cidade onde vivia, Lisboa. O risco assumido compensou largo, com o Time Out Market a nascer sob o traço arquitetónico do atelier Aires Mateus e a transformar-se num sucesso imediato, desde o dia em que juntou os melhores chefs e restaurantes da cidade às vendedoras tradicionais de frutas, legumes, flores e peixe da Ribeira, a 18 de maio de 2014. Num ano, a casa-mãe estava a comprar o conceito Time Out Market e a transformar Cepeda no homem do leme à conquista do mundo, fazendo de Lisboa a âncora de todos os espaços que foram nascendo, do Dubai a Nova Iorque, sempre com um toque português. "Se um português num sítio qualquer do mundo virar a cadeira do Time Out Market onde estiver, vai sentir o mesmo orgulho que eu ao ver o carimbo de Paços de Ferreira", garante o criado do conceito que chega agora aos dez anos.

Uma década passada, já não é João que anda com o cartão de visita do TOM, mas aquele que é o primeiro "mercado gastronómico e cultural com curadoria editorial" do mundo, juntando sob o mesmo teto os restaurantes escolhidos, testados e aprovados pela equipa de críticos e jornalistas da revista Time Out, espalhou frutos por sete cidades, apresentando mais de 140 chefs e restaurantes, muitos deles vencedores de prémios como o James Beard ou estrelas Michelin. O melhor de cada uma está já em Nova Iorque, Boston, Montreal e Chicago, desde 2021, Dubai, novembro de 2023, Cidade do Cabo e Porto já neste ano; e a caminho de Barcelona e Budapeste.

Lisboa, que agora cumpre uma década de vida, é a raiz de toda a expansão, tendo já ultrapassado a incrível fasquia de 35 milhões de visitantes na Ribeira, onde chegam a cruzar-se 66 nacionalidades diferentes numa única semana. Além dos 26 restaurantes (incluindo os chefs Michelin Sá Pessoa e Vincent Farges), oito bares e 11 quiosques e lojas, o TOM Lisboa ganhou uma escola de cozinha (Academia Time Out), um cowork (Second Home) e uma das melhores discotecas de Lisboa, o Rive Rouge, potenciando as suas razões de encanto junto de portugueses e dos muitos turistas que por ali passam diariamente. E que terão ajudado a atingir uma fasquia digna de nota: 600 mil litros de cerveja consumida a cada ano. É obra!

A razão do sucesso do Time Out Market Lisboa? Ana Alcobia, lead ibérica da marca, acredita que é um misto de capacidade de marcar tendências e preocupação com o tecido mais tradicional. "Somos o guarda-diurno do bairro, damos uma ajuda brutal ao mercado tradicional, temos um respeito gigantesco pelo ADN do edifício, tentamos sempre minimizar e compensar a nossa pegada pelo lado social. A questão do quilómetro zero é importantíssima e tentamos promover ao máximo que todos os lojistas comprem o máximo ao mercado tradicional."

E porque dez anos de sucesso merecem uma festa rija, para esta celebração nada foi deixado ao acaso. Dia 18, é dia de festa no Mercado e todos estão convidados para dançar ao som dos Bateu Matou (a partir das 22.00), que criaram um espetáculo especial para comemorar a data, com os bateristas Ivo Costa, Quim Albergaria e Riot a revisitar dez músicas destes dez anos, acompanhados em palco por Tatanka, Joana Espadinha e Milhanas. Ainda antes do concerto (pelas 18.30), é a vez de DJ Kwan aquecer o food hall e quando a noite se fizer rija a festa segue no Rive-Rouge com Pete Tha Zouk (entrada livre até às 00.30).

Bateu Matou
créditos: DR

Porque uma década é um caso sério, os festejos vão prolongar-se até ao final do mês e haverá ainda tempo para dois workshops dedicados ao 10º aniversário (um Masterkids onde os mini-chefs vão aprender a fazer bolos de anos e um workshop especial para aprender a preparar um verdadeiro banquete com o chef Miguel Mesquita), pratos especiais em todos os restaurantes e até uma instalação do estúdio de design Oupas! no teto do food hall.