O Bloco de Esquerda iniciou a campanha eleitoral às eleições antecipadas de 26 de maio na Madeira com um comício junto à Assembleia Legislativa, no Funchal, no qual intervieram também o cabeça de lista bloquista, Roberto Almada, e outros dirigentes do partido.

Mariana Mortágua começou por salientar "todas as coisas maravilhosas" da região, entre as quais os sotaques, as paisagens, as pessoas e as frutas, para logo criticar o PSD regional e nacional.

"Mas, de tudo isto, de todas as coisas incríveis que a Madeira tem para oferecer, há uma coisa de que o PSD se orgulha mesmo e que quer exportar da Madeira para o resto do país, que é o modelo económico desastroso com que governou esta região nos últimos 50 anos", atirou.

A coordenadora bloquista acrescentou que "é até um exagero dizer que a governação do PSD na Madeira produziu um modelo económico porque, na verdade, o que o PSD na Madeira construiu foi um modelo de negócios".

"Não é um modelo económico, é um modelo de negócios que alimenta uma rede clientelar que tira os recursos dos madeirenses e os entrega a uma elite. E é deste modelo de negócios que o PSD se orgulha e é este modelo económico que Luís Montenegro quer exportar para todo o país", acusou.

Mariana Mortágua salientou que o PSD/Madeira tem "um talento" e um "dom" para "dizer às pessoas que está a resolver os problemas, quando na verdade estão a fazer pior aos problemas que já existem", dando como exemplos as desigualdades existentes, os baixos salários, a crise da habitação e as respostas sociais.

A bloquista apontou que existem na região "muitos pobres", mas também "ricos muito ricos", que "vivem à sombra do Estado" e são "protegidos nos monopólios, nos contratos de concessões, nas construções".

"Porque é que não há um 'ferry' na Madeira [que faça ligação ao continente]? Porque não interessa ao grupo Sousa [...] porque não quer abdicar do seu monopólio, porque manda nos transportes da Madeira", exemplificou.

A dirigente bloquista falou também numa "elite que ficou com o esforço e com o suor" dos trabalhadores e que "roubou a esperança de uma mudança".

"É daí que vem o poder do PSD/Madeira, o poder do PSD/Madeira não vem da liberdade, vem do medo", apontou, reforçando que "estão dispostos a tudo para manter esse poder".

"E há também quem esteja disposto a tudo para se vender a esse poder", afirmou ainda Mariana Mortágua, tecendo críticas ao PAN, que nas eleições regionais de setembro do ano passado assinou um acordo de incidência parlamentar com a coligação PSD/CDS-PP, que falhou a maioria absoluta por um eleito.

A bloquista aproveitou para criticar o Chega e o seu líder, André Ventura, afirmando que não estava preocupado com a governação de Miguel Albuquerque quando o convidou para a sua campanha às eleições presidenciais e quando "andavam a trocar mimos para saber quem é que apoiava o Governo Regional" depois das eleições do ano passado.

"O Bloco vem para esta campanha para dar lugar à esperança, para afirmar a alegria que é lutar por uma vida boa, por uma vida melhor", sublinhou Mariana Mortágua, reforçando uma vez mais as críticas: "É por isso que têm medo de nós, porque têm medo de igualdade, porque têm medo do fim do seu privilégio, porque têm medo do fim dos negócios com que enriqueceram sempre ao longo destes anos".

Concorrem às legislativas da Madeira 14 candidaturas, que disputarão os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.

As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.

Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.

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