"Creio que é consensual na sociedade portuguesa e também no sistema partidário que a pior das soluções é a de um governo de gestão. Até o PSD está de acordo", declarou o líder do PS em entrevista dada esta noite à RTP.
Um executivo de gestão, advogou, tem "capacidades muito limitadas, nem sequer um Orçamento do Estado pode apresentar", e "não há nenhuma razão" para arrastar o país para uma "situação indefinida" quando há um "governo viável que pode entrar rapidamente em funções" e com suporte parlamentar maioritário.
"Tivemos eleições e dessas eleições resultou uma Assembleia da República (AR). Nessa AR ninguém obteve maioria. O PSD tem mais três deputados que o PS, e naturalmente coube ao PSD a primeira tentativa de encontrar uma solução de governo (...) o PSD falhou neste objetivo", vincou António Costa.
Nesta fase, prosseguiu, não há razão para serem criadas "crises políticas artificiais" porque o PS tem um programa de governo, negociado com outros partidos, que garante contributos "coerentes" entre todas as forças e permanece "compatível com os compromissos internacionais" de Portugal, a níveis como a defesa, União Europeia ou as regras de participação na zona euro.
"Cada partido tem a sua própria identidade", reconheceu Costa, falando sobre PCP, BE e PEV.
E reforçou: "Não queremos diluir a identidade de cada um de nós. Não é por isso um governo de coligação, é um governo do PS que é viabilizado com apoio parlamentar maioritário e em que os diferentes partidos se comprometem a colaborar".
Os três partidos à esquerda com quem o PS firmou acordos conhecem a estratégia orçamental socialista e o PS sabe "o limite" que tem para a viabilização dos orçamentos, acrescentou ainda António Costa.
Se for indigitado primeiro-ministro, "num prazo muito curto" o líder socialista estará em condições de apresentar o seu governo, mas Costa diz que não fará convites antes de o Presidente da República o encarregar de formar um executivo.
"O Presidente da República é dono do seu calendário e acho que o devemos respeitar", disse Costa, embora sublinhando que estão reunidas as condições para o PS executar o seu programa com estabilidade e na perspetiva da legislatura.
Questionado no final da entrevista à RTP sobre os ataques terroristas que sucederam na sexta-feira em Paris e uma eventual resposta bélica com a participação de Portugal, o socialista diz que o país "deve assumir plenamente todas as suas responsabilidades", embora a forma concreta de o fazer deva ser tratada no "momento oportuno".
"Há formas diversas que não implicam o envolvimento direto de militares portugueses em combate no terreno para honrarmos os nossos compromissos internacionais", sinalizou, todavia.
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