"Isto representa o primeiro registo de observações repetidas de chimpanzés que usam pedras para outros fins" além da alimentação, refere o estudo assinado por Hjalmar S. Kühl, Ammie K. Kalan e dezenas de outros investigadores - grande parte ligada ao instituto Max Planck, na Alemanha.

O trabalho baseia-se em imagens recolhidas em quatro locais da África Ocidental, entre os quais a região do Boé, leste da Guiné-Bissau, onde o projeto Chimbo, liderado por holandeses, colocou câmaras de vigilância há cinco anos.

"A incorporação de ferramentas de pedra para rituais dos chimpanzés é uma descoberta e, de acordo com os nossos dados, pode ser uma tradição cultural socialmente aprendida em populações limitadas de chimpanzés da África Ocidental", acrescenta.

A razão de ser do ritual permanece um mistério: os investigadores concluem que é necessário continuar com as pesquisas para compreender para que serve aquela praxe dos chimpanzés - um animal em vias de extinção.

O trabalho foi publicado no site "Scientific Reports" do grupo editorial Nature a 29 de fevereiro e destaca a importância do assunto pela implicações que pode ter na compreensão da história da humanidade.

"A exibição de um comportamento ritualizado" de um primata próximo do homem, de atirar pedras e acumulá-las "em locais particulares, pode ter implicações nos estudos sobre as origens de locais de culto" de seres humanos, refere o estudo.

De acordo com a associação Chimbo, que intervém em parceria com o Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP) da Guiné-Bissau, existem cerca de 700 chimpanzés no Boé.

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