Ao abrigo do protocolo, assinado em agosto, cinco médicos moçambicanos iniciaram no mês passado doutoramentos no IHMT-Nova, através de modelos de ensino à distância, disse hoje à Lusa a subdiretora da instituição portuguesa, Maria do Rosário Oliveira Martins, no fim de uma deslocação a Maputo, integrada numa delegação liderada pela Direção Geral de Saúde.
Este modelo permite que os médicos se mantenham em Moçambique, país que se debate com falta de clínicos, enquanto realizam os seus estudos, tendo apenas de viajar para Portugal para avaliação e reuniões com os seus orientadores.
Após o primeiro ano, em que a formação é feita em sessões por "streaming" e com plataformas de "e-learning", uma das quais desenvolvida pela própria Universidade Nova, os médicos continuarão em Moçambique, uma vez que a instituição incentiva que os trabalhos de campo para os seus doutoramentos sejam realizados no seu país.
"Temos apostado muito no ensino à distância, pela vantagem de termos plataformas própria, o que permite aos médicos moçambicanos receberem ensino de excelência em português e sem necessidade de passarem um ano em Portugal", observou Maria do Rosário Oliveira Martins, esperando que mais clínicos se juntem à iniciativa.
Em resultado de um entendimento com a Direção-Geral de Saúde, o IHMT-Nova é o parceiro da cooperação para o desenvolvimento em sistemas de saúde em países tropicais.
Segundo a subdiretora da instituição, "a colaboração com Moçambique tornou-se muito acentuada nos últimos cinco anos", tendo sido assinados vários protocolos com entidades moçambicanas, como o Instituto Nacional de Saúde, a Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane, a Faculdade de Ciências da Saúde da UniLúrio e também a Universidade Pedagógica.
A formação acaba por ser a dominante nesta relação de cooperação, em que por exemplo o Instituto Nacional de Saúde recebe ações regulares sobre bioestatística, médicos fazem estágios de especialidade em instituições portuguesas ou docentes universitários realizam pós-graduações no IHMT-Nova.
Ao todo, a instituição tem atualmente 16 moçambicanos a fazer mestrados e doutoramentos e que acabarão por enriquecer as suas próprias universidades e o conhecimento sobre os principais desafios que se colocam na área da saúde em Moçambique, a começar pela malária, principal causa de morte no país.
"Moçambique tem muito poucos doutorados e cada um que surge acaba por ter impacto", refere Maria do Rosário Oliveira Martins, lembrando que a Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane, a maior e mais antiga do país, tem 120 professores e apenas 25 doutores e a Unilúrio nem um.
Outra área que é estimulada na relação com Moçambique, é a capacitação para a investigação e uma das próximas ações previstas é um seminário a decorrer a 11 de dezembro no IHMT-Nova, juntando vinte investigadores, sete dos quais moçambicanos e os restantes provenientes de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde.
O IHMT-Nova foi uma das instituições de saúde portuguesas presentes em Moçambique na passada semana, no âmbito de vários protocolos assinados nesta área em 2014.
A missão portuguesa tinha como objetivos "efetuar um diagnóstico e realizar um levantamento das necessidades nas áreas identificadas pelas autoridades moçambicanas como prioritárias, para que possa ser desenvolvido em conjunto um plano de ação plurianual e multidisciplinar", segundo um comunicado da Embaixada de Portugal em Maputo, acrescentando que foram também analisadas as prioridades a incluir no próximo Programa Estratégico de Cooperação a celebrar entre Moçambique e Portugal.
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