"A coleção nunca foi exposta e o acesso dado [pelo seu proprietário] sempre foi muito controlado e restrito", explicou à agência Lusa a conservadora da coleção permanente do palácio de Queluz, Conceição Coelho.

A nova Biblioteca de Arte Equestre D. Diogo de Bragança, VIII Marquês de Marialva reúne 800 títulos europeus, entre os quais 16 manuscritos, datados de entre os séculos XVI e XX, que constituem "o fundo antigo" do acervo bibliográfico.

A coleção inclui ainda 294 livros e folhetos dos séculos XIX e XX, 322 livros ilustrados da segunda metade do século passado e cerca de 165 gravuras e estampas originais, adiantou a sociedade que gere o palácio de Queluz, onde está instalada a Escola Portuguesa de Arte Equestre (EPAE).

Entre os exemplares mais raros destacam-se uma obra de Johannes Stradanus (Antuérpia, cerca de 1578) e "Arte da cavallaria de gineta, e estardiota, bom primor de ferrar, & alueitaria", de António Galvam D'Andrade, publicado em 1678, considerado o primeiro livro português ilustrado de equitação.

A obra "Luz da Liberal, e Nobre Arte de Cavallaria", de Manoel Carlos de Andrade, impressa em 1790, também faz parte do acervo, que inclui uma das 23 edições monumentais que celebram os feitos do reinado de Luís XIV.

A coleção foi reunida ao longo da vida por D. Diogo de Bragança, cavaleiro e especialista equestre, que nasceu em 1930 e se afirmou como "digno sucessor" do seu antepassado, o quarto marquês de Marialva, estribeiro-mor do rei D. José.

Os herdeiros de D. Diogo, que morreu em 2012, propuseram a venda da coleção à PSML, "por desejarem que se mantivesse associada à EPAE e ao estudo da arte equestre", justificou a sociedade.

A coleção de cerca de 2.000 publicações foi adquirida em fevereiro de 2014, com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e do Banco Português de Investimento, por 380.000 euros.

A recuperação de três salas do palácio e o mobiliário para acolher a biblioteca orçou em 57.250 euros e, como notou Conceição Coelho, visa "criar um centro de estudos equestres, diretamente associado ao projeto que a Parques de Sintra está a desenvolver em torno da EPAE".

"Os jogos equestres estavam sempre presentes nas festividades que aqui se realizavam", notou a conservadora de Queluz.

A par da conservação de muitos títulos e gravuras, o tratamento documental permitirá elaborar um catálogo informatizado, a disponibilizar em breve no "site" da PSML, num investimento de mais 31.500 euros.

O catálogo integrará posteriormente a maior rede de catálogos das bibliotecas portuguesas, coordenada pela Biblioteca Nacional.

Nas visitas à biblioteca, de segunda a sexta-feira, podem ainda ser apreciadas uma casaca de cavaleiro tauromáquico e uma réplica de cavalo ajaezado com gualdrapas e xairel de finais do século XVIII.

Por ocasião da inauguração, para a qual é esperada a ministra da Agricultura e do Mar, será assinado um protocolo entre a EPAE e o Instituto Politécnico de Santarém, para colaboração ao nível da formação.

A EPAE, fundada em 1979 para divulgar a arte equestre portuguesa e o cavalo lusitano, passou a ser gerida em 2012 pela PSML, empresa pública criada para gerir os monumentos e parques da Paisagem Cultural de Sintra classificada como Património da Humanidade.

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