"O povo acha que foi bom termos falado [nos encontros entre o chefe de Estado e o líder da Renamo], mas, para mim, não foi bom porque não chegámos a conclusões para ultrapassar este assunto", disse Filipe Nyusi, falando segunda-feira à imprensa durante a sua Presidência aberta na província de Gaza, sul de Moçambique.

O líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), Afonso Dhlakama, ameaça governar pela força caso o partido no poder, Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), chumbe a sua proposta da lei de criação de províncias autónomas, que considera como a única saída para a crise política gerada pela recusa do movimento em aceitar a derrota nas eleições gerais de 15 de outubro de 2014.

De acordo com o Presidente moçambicano, as soluções para se ultrapassar a crise política devem ser encontradas na Constituição da República.

"Nós estamos a fazer tudo para encontrar soluções para este problema, mas estas soluções não podem violar a Constituição. Eu jurei defender a Constituição da República", afirmou Filipe Nyusi.

Dhlakama e Nyusi encontraram-se duas vezes no início deste ano, com vista a ultrapassar a crise política instalada desde as quintas eleições de outubro.

O impasse político persiste também nas negociações de longo-prazo entre Governo e Renamo sobre a desmilitarização da oposição e despartidarização do Estado.

Após a 101.ª ronda de diálogo, na segunda-feira, o académico Lourenço do rosário, um dos mediadores do processo, declarou a sua inquietação com a paralisia do diálogo.

"Reunimo-nos com as chefias das duas delegações para manifestar o nosso desconforto, na medida em que as rondas têm estado a desfalecer", disse Lourenço do Rosário, falando em nome do grupo de mediadores.

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