Em declarações aos jornalistas à saída de um encontro de diplomatas com Domingos Simões Pereira, ex-primeiro-ministro e líder do PAIGC, o representante da União Africana considerou ser já insustentável a situação de impasse que se vive na Guiné-Bissau.
"Há que assacar responsabilidades a todos aqueles que de uma forma ou de outra não estejam a trabalhar para os interesses supremos deste povo. O nosso apelo, mais uma vez, é para que haja um entendimento e que seja urgente e duradoiro", disse o diplomata São-tomense.
Na qualidade de líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vencedor das últimas eleições legislativas, Domingos Simões Pereira deu conta aos diplomatas estrangeiros dos passos encetados pelo seu partido para ultrapassar a crise.
Para o representante da UA, antes de tudo, deve haver um diálogo entre os líderes guineenses na medida em que, frisou, o país não pode continuar no impasse político em que se encontra desde a demissão, pelo chefe do Estado, do Governo eleito, a 12 de agosto.
"O povo está a sofrer, há grandes dificuldades, há carências" e "o mais importante é que as pessoas tenham a capacidade de ultrapassar os problemas que enfrentam", salientou Ovídio Pequeno.
O representante da UA diz que "há mais de um ano" tem vindo a chamar a atenção dos líderes guineenses para os riscos de levarem o país para a situação em que hoje se encontra.
"Algumas pessoas fizeram ouvidos de mercador e agora estamos nesta situação", acrescentou.
"Amanhã, espero que não se venha outra vez a responsabilizar a comunidade internacional", sublinhou Ovídio Pequeno.
O representante da UA em Bissau disse ainda que a comunidade internacional tem dificuldade em apoiar a saída desta crise, na medida em que os próprios guineenses não admitem a existência de problemas.
"Quando um doente diz que não está doente, então a comunidade internacional não saberá por onde começar a ajudar", defendeu Ovídio Pequeno.
As instituições do exterior não pode sob qualquer circunstância substituir os líderes nacionais, as instituições do Estado guineense, concluiu.
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