Segundo os dados do estudo intitulado "Europa para a maioria, não para as elites", hoje apresentado em Madrid, um total de 123 milhões de pessoas no espaço comunitário vive atualmente em risco de pobreza, enquanto outros 342 cidadãos europeus são considerados como bilionários.

O estudo da Oxfam qualificou os atuais níveis de desigualdade na UE como uma "injustiça inaceitável".

"O diagnóstico da Oxfam está correto: os níveis de pobreza e de desigualdade na Europa, agravados pela crise económica e pelas medidas de austeridades, são inaceitáveis. É hora de se adotarem medidas à escala europeia com o objetivo de promover a recuperação do investimento e do emprego, bem como para cicatrizar as feridas abertas pela perda em massa de postos de trabalho, pela redução dos salários reais e pelos cortes nos serviços públicos, especialmente em países como a Grécia, Espanha e Portugal, mas também em toda a Europa", escreveu Stephany Griffith-Jones, conceituada especialista da universidade norte-americana de Columbia, no preâmbulo do relatório.

Em 2013, cerca de 50 milhões de pessoas na UE não conseguiam satisfazer as suas necessidades materiais básicas, o que representou na altura um aumento de 7,5 milhões de pessoas em relação aos valores de 2009. Este cenário atingia então 19 dos 28 Estados-membros, incluindo Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda e Itália.

Nesse mesmo período, o número de bilionários aumentou de 145 para 222, e continuou a cresceu até hoje para os 342. Cerca de 85% dos bilionários do espaço comunitário são homens com mais de 60 anos.

Além disso, entre 2010 e 2013, o setor dos bens de luxo na Europa registou um aumento de 28%.

O grau de desigualdade económica e de concentração de receitas variam consoante o país, mas a Bulgária e a Grécia registam os piores resultados em quase todos os indicadores analisados para determinar o risco de pobreza.

A Grécia apresenta uma das diferenças mais amplas entre as receitas das classes mais ricas e das classes mais pobres, bem como regista uma elevada taxa de desemprego. O Reino Unido tem o nível mais elevado de desigualdade salarial.

Em contraste, os países mais igualitários da UE são a Eslováquia, Malta, República Checa e a Eslovénia.

Os valores mais altos de pobreza na população ativa verificam-se na Roménia e na Grécia, mas estão a aumentar em outros países, nomeadamente na Alemanha.

A diferença salarial por género também continua a ser uma realidade na Europa e são as mulheres na Alemanha, Áustria e República Checa aquelas que sofrem alguns dos valores mais altos de disparidade salarial face aos trabalhadores do sexo masculino.

O documento denunciou ainda a "excessiva influência" que exercem as grandes empresas, as grandes fortunas e alguns grupos de interesse no seio da UE.

Em 2014, 82% dos participantes dos grupos de peritos em matéria fiscal da Comissão Europeia representavam interesses privados ou comerciais, segundo a Oxfam.

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