"As condições de funcionamento das unidades de saúde, quer no concelho de Sintra, quer no concelho da Amadora, são muito preocupantes", salientou Paula Borges, da Comissão de Utentes da Saúde do Concelho de Sintra (CUSCS), acrescentando que as unidades existentes "não dão a resposta necessária" às populações em termos de cuidados de saúde primários.
O protesto, promovido pela CUSCS, pela Comissão de Utentes da Saúde da Amadora (CUSA) e pela Plataforma de Lisboa em Defesa do SNS, juntou duas centenas de pessoas em frente ao Hospital Fernando Fonseca e contou com a participação da deputada do PCP Carla Cruz, e da do Bloco de Esquerda Catarina Martins.
Paula Borges lamentou que, nestes dois concelhos da periferia de Lisboa, muitas pessoas tenham de se levantar entre as 04:00 e as 06:00 para conseguir uma senha de atendimento nos centros de saúde, sendo que, quando não conseguem consulta, têm de recorrer às urgências.
"Aquilo por que lutamos é pela construção de um hospital público em Sintra, [que] é uma luta que tem mais de 20 anos", frisou a porta-voz da CUSCS, uma reivindicação das populações dos dois concelhos, que defendem também uma dotação de meios humanos nos cuidados de saúde primários.
Para Paula Borges, "não é tolerável, que só no universo do concelho de Sintra", 165 mil utentes não tenham médico de família, o que significa que estão em falta 71 médicos no município.
A moção "A política de saúde deste Governo mata" das comissões de utentes considera que "o SNS, por força das políticas praticadas nos últimos anos, tem sofrido o maior ataque de sempre, tendo já sido posto em causa o direito à saúde universal, geral e tendencialmente gratuita, tal como consagrado na Constituição da República".
"O caos que se vive em muitos hospitais nos serviços de urgência, com tempos de espera infindáveis, tendo já sido registadas mortes por alegada falta de assistência é consequência da situação de rutura a que o SNS chegou", denuncia-se na moção.
Os utentes de Amadora e de Sintra reclamam "uma nova política de saúde", com o reforço de "meios humanos, técnicos e financeiros", aumentando a capacidade de resposta da rede de cuidados de saúde primários.
Entre as duas centenas de manifestantes viam-se pessoas empunhando cartazes nos quais se podia ler frases como "650 mil utentes e um só hospital" e "não á destruição do Serviço Nacional de Saúde".
António Tremoço, da CUSA, explicou à agência Lusa que, em relação ao Hospital Fernando Fonseca, "não se coloca apenas o problema das urgências, mas também a falta de meios humanos" que leva os utentes "a esperarem três anos para fazer exames".
Os comandantes dos bombeiros voluntários da Amadora, Mário Conde, e de Algueirão-Mem Martins, Joaquim Leonardo, também se associaram ao protesto contra a falta de condições no hospital, provocando a retenção de macas nas urgências, com a consequente limitação de meios operacionais das corporações.
Em comunicado, a coordenadora de Sintra do Bloco de Esquerda alertou hoje que a "saúde não pode continuar em lista de espera" e que as dificuldades sentidas pelas populações "não são fruto de um mero 'pico de afluência', mas sim resultado da falta de instalações e equipamentos, de pessoal e de material".
"O reforço de pessoal, a construção de novos centros de saúde, o alargamento do hospital existente e a construção de uma nova unidade não podem continuar em lista de espera nem manter-se como inconsequentes promessas", afirma o BE.
LYFS // PMC
Lusa/Fim