"Os terroristas, por volta das 04:00, estavam a entrar em Macomia (...). Apanharam uma resistência muito forte, durou quase 45 minutos com os meus jovens [militares das FADS]. E esses é que são os que me dão coragem", descreveu, ao intervir numa cerimónia pública em Maputo, esta manhã.

"Resistiram 45 minutos e eles se retiraram. Acho que organizaram-se mais um bocadinho, 50 minutos depois voltaram", detalhou, acrescentando que pelo menos um atacante foi "capturado", armado e "a disparar".

Explicou igualmente que o ataque desta madrugada acontece numa zona que antes era controlada pelos militares da missão dos países da África austral, que está em progressiva retirada até julho.

"É verdade que uma é zona ocupada pelos nossos irmãos que nos apoiam, em retirada. Mas os que estão no terreno são 100% os moçambicanos. Talvez possa haver um reforço (...). Como estão de saída. Espero que consigamos nos organizar melhor, porque o tempo de transição dá isso", reconheceu, enaltecendo a intervenção em curso dos militares moçambicanos.

"Estão a responder positivamente. Já prevíamos", apontou.

A vila sede distrital de Macomia está sob ataque desde o início da madrugada, depois da chegada de um grupo de insurgentes, disseram hoje à Lusa fontes da população.

Os tiroteios na sede distrital começaram por volta das 04:00 (05:00 em Lisboa), com os rebeldes a aparecerem no centro da vila, vindos da estrada de Mucojo, relataram as fontes.

"Não estamos bem, os terroristas estão a atacar, chegaram de madrugada e não sei ao certo se morreu ou não alguém", disse à Lusa uma fonte a partir de um esconderijo, em Macomia.

As mesmas fontes indicaram que toda a vila sede distrital de Macomia está tomada por mais de uma centena de insurgentes.

"Estou a dizer que os disparos estão a acontecer em todo o lado, os terroristas ocuparam a vila toda e ainda não saíram, não sabemos se é desta vez que querem ocupar ou não", relatou a fonte.

Ao início da manhã, algumas lojas de venda de produtos de primeira necessidade e carros de transporte de passageiros, bens e comércio foram abandonados pelos proprietários, devido ao medo.

"Ninguém levou nada, tudo está abandonado, desta vez foi demais porque já estávamos a recomeçar", lamentou à Lusa um comerciante de roupa no centro de Macomia.

A vila de Macomia situa-se na estrada Nacional 1 (N1), que faz a ligação aos distritos mais ao norte, casos de Muidumbe, Nangade, Mueda, Mocimboa da Praia e Palma, pelo que este ataque interrompe igualmente a comunicação por terra aos cinco distritos.

A província enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

Depois de vários meses de relativa acalmia, desde o início do ano que novas movimentações e ataques de rebeldes voltaram a causar milhares de deslocados, mortes, destruição de casas e edifícios públicos.

PVJ (RYCE) // JMC

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