"Mas posso deixar bem patente que não faremos acordos com os partidos que têm governado a Madeira e as suas respetivas bengalas, isto quer dizer PSD, CDS, PAN, Chega, Iniciativa Liberal", avisou, em entrevista à agência Lusa.

A candidata do PTP, partido que esteve representado na Assembleia Legislativa entre 2011 e 2019, disse também que os trabalhistas estão "bastante escaldados" com o PS, na sequência da coligação Mudança (PS/BE/PND/MPT/PTP/PAN), que venceu a Câmara Municipal do Funchal em 2013, vincando que os representantes socialistas "traíram o acordo de unidade".

"Estamos disponíveis para uma coligação com o Partido Socialista, mas não estamos disponíveis se os intervenientes forem o professor Paulo Cafôfo [líder e cabeça de lista do PS/Madeira], o senhor deputado [no parlamento regional] Victor Freitas e o senhor deputado [na Assembleia da República] Miguel Iglésias", explicou, para logo reforçar: "Não são pessoas de confiança."

Raquel da Conceição Vieira Coelho, que tem 35 anos (nasceu em 02 de julho de 1988) e é empresária no setor do alojamento local, quer regressar ao parlamento da Madeira, onde já exerceu a função de deputada nos períodos 2011-2015 e 2018-2019, para "dar uma representação aos eleitores com caráter, com coragem, com ousadia, com competência, com dedicação".

"Os objetivos são os mesmos do primeiro dia: justiça social, combate à corrupção, defesa intransigente dos direitos dos madeirenses e porto-santenses, priorização dos nossos recursos, combater ferozmente os oligarcas que parasitam os recursos da região, lutar pela democracia, pelo sistema democrático, combater a promiscuidade entre a política, o setor económico e o próprio aparelho de justiça", explicou.

A cabeça de lista considera que essa "sempre foi a missão do Partido Trabalhista Português" e criticou partidos como o PAN, que estabeleceu um acordo de incidência parlamentar com o PSD, e o Chega, por apresentarem como bandeiras a defesa do meio ambiente e o combate à corrupção, mas que na prática "não mexem uma palha nem exercem a sua influência para garantir a defesa destes princípios".

Raquel Coelho, que é natural do concelho de Santa Cruz, na zona leste da ilha da Madeira, mas reside no Funchal, disse que as propostas do PTP, em termos de programa eleitoral, visam no essencial poupar recursos para investir em setores estruturantes, como a habitação e a saúde.

"O que defendemos é que haja uma regionalização do setor portuário, tendo em conta a importância para a Madeira, para a economia da Madeira, para a vida das pessoas", explicou, sublinhando que se se conseguisse reduzir os custos de carga e descarga de mercadoria, seria possível diminuir o custo de vida das pessoas.

A candidata criticou o que considera ser o "monopólio do setor portuário", detido por uma empresa privada que "não paga qualquer contrapartida à região", e disse ser "essencial que este setor seja público".

"Duas questões essenciais para baixar o custo de vida na região seriam a regionalização do setor portuário e ter um navio ferry para fazer o transporte de mercadorias", precisou.

O PTP defende também o "resgate" das parcerias público-privadas rodoviárias, responsáveis pela gestão e manutenção da Via Expresso e Via Litoral, cujos contratos com a região classifica como "ruinosos".

"São negócios legais, mas são imorais", disse Raquel Coelho, que criticou também a "privatização dos cuidados com a terceira idade" e o "caso escandaloso" do Centro Internacional de Negócios da Madeira (Zona Franca), alertando para "esquemas ilícitos" neste setor.

"O que nós queremos trazer à Assembleia Legislativa da Madeira é que os madeirenses tenham uma representação efetiva para os seus interesses e não sejam pessoas eleitas apenas para defender os seus interesses pessoais e egoístas que nada têm a ver com a causa pública", declarou.

Nas eleições regionais de 24 de setembro de 2023, o Partido Trabalhista Português obteve 1.369 votos (1,04%), num universo de 135.446 votantes.

As antecipadas de 26 de maio ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP) foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.

O PSD sempre governou no arquipélago e venceu com maioria absoluta 11 eleições entre 1976 e 2015.

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