"Reafirmamos o propósito de combater o crime de tráfico de drogas", disse Manuel da Lomba, a propósito da operação que no sábado intercetou, na Zona Económica Exclusiva de Cabo Verde, um total de 1,6 toneladas de cocaína, com alto grau de pureza, em 60 fardos, num suposto barco pesqueiro que circulava do Brasil para a Europa.

Foram ainda detidos, na embarcação, seis cidadãos brasileiros com idades entre os 28 e 43 anos, que, na segunda-feira, serão presentes às autoridades judiciárias cabo-verdianas para primeiro interrogatório e para a aplicação de medidas de coação.

"Preocupa-nos, porque temos conhecimento de que, em Cabo Verde, os maiores crimes cometidos têm origem no tráfico de drogas", pelo que "uma sociedade estável e sem crimes implica combater o alicerce [desses delitos] que é o narcotráfico", disse o diretor da PJ.

Apesar de o arquipélago ser considerado seguro no contexto internacional, alguma criminalidade persiste.

A operação hoje divulgada culminou com o rebocamento da embarcação suspeita para o porto da Praia e foi classificada por Manuel da Lomba como "um exemplo de cooperação internacional".

"Há uma relação muito forte da PJ de Cabo Verde com a PJ portuguesa, muito profícua", referiu, acrescentando o papel decisivo, neste caso, das autoridades dos EUA, Reino Unido, Brasil e da Marinha Portuguesa, cujos meios levaram os agentes para o mar, além de outros países numa plataforma comum.

Os investigadores das duas polícias judiciárias, de Portugal e Cabo Verde, "estiveram vários dias no mar, na operação", descreveu Manuel da Lomba, indicando não ser "a primeira vez" que o tráfico é dissimulado com um barco de pesca.

A investigação prossegue, seguindo-se o envio de todo o processo para o Ministério Público cabo-verdiano, concluiu.

Apesar da falta de barcos e outros recursos, as autoridades cabo-verdianas têm combatido o narcotráfico com apoio internacional, através da presença regular de meios de países parceiros no mar do arquipélago, assim como através de missões aéreas.

Há um ano, o Governo de Cabo Verde expressou junto da União Europeia (UE) a vontade de beneficiar de formas de assistência para reforço da vigilância marítima, através do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, no âmbito da relação de proximidade com Bruxelas.

Em março, a PJ cabo-verdiana, através do gabinete da Interpol, anunciou a extradição de quatro espanhóis surpreendidos em alto mar, há um ano, com cinco toneladas de cocaína, colocando-se em fuga para Cabo Verde num bote.

Noutro caso, com quantidades não reveladas, o Ministério Público cabo-verdiano terminou, em outubro, as investigações da "Operação Marujo", deduzindo acusação contra 13 pessoas, por diversos crimes, num caso iniciado em março, com a descoberta de cocaína nas zonas costeiras da ilha do Maio.

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