O Presidente da República garante que vai pronunciar-se sobre o relatório preliminar da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) que aponta falhas ao Ministério da Saúde. Marcelo Rebelo de Sousa assegura que falará sobre o assunto assim que ler o documento.

Em declarações aos jornalistas, esta quinta-feira, o Chefe de Estado garantiu que vai analisar o relatório “com toda a atenção e interesse”.

“É um tema de que eu tenho falado muito”, frisou Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando querer também conhecer o relatório e o relatório definitivo. Vou ver e depois me pronunciarei.

Uma garantia que surge depois de o líder da oposição, Pedro Nuno Santos, ter apelado a uma reação por parte do Presidente da República.

"Ninguém compreenderá que o sr. Presidente da República, sobre um caso onde há responsabilidades políticas por parte de uma ministra e de um governo, não diga nada. Isso é incompreensível e, portanto, temos a forte expectativa de que dirá alguma coisa”, afirmara.

PS, Chega e BE defendem saída da ministra

O secretário-geral socialista insiste na demissão da ministra da Saúde, após uma situação que classifica como “grave”. E censura ainda a primeiro-ministro.

É com alguma incompreensão que vemos o silêncio da sra. ministra e a incapacidade para retirar consequências, mas já agora, muito mais importante ainda, também do próprio primeiro-ministro, que ainda sobre este caso não disse nada e impõe-se que diga alguma coisa.

" A situação é grave e têm d e ser retiradas consequências políticas ”, declarou.

Também o Chega considera que a ministra da Saúde não pode permanecer no Governo, em nome da credibilidade do Executivo, após as conclusões tiradas pela investigação da IGAS. André Ventura exige explicações de Ana Paula Martins.

“É um relatório que não deixa margem para dúvidas em relação à responsabilidade política do Governo e à responsabilidade política da s ra. Ministra da Saúde ”, comenta o líder do Chega.

Para Ventura, a governante já estava fragilizada politicamente e, agora,fica numa situação política insustentável do ponto de vista da estabilidade do Governo e da credibilidade.

É importante que a s ra. m inistra clarifique qual foi a sua responsabilidade, quando é que teve conhecimento do pré-aviso de greve e porque não transmitiu às entidades que devia ter transmitido esse mesmo pré-aviso de greve ”, defendeu.

O Bloco de Esquerda espera igualmente que a ministra esteja de saída do governo. Mariana Mortágua acusa Ana Paula Martins de mentir e quer ouvir no Parlamento os responsáveis pelo relatório da IGAS.

É muito importante ouvir quem fez este relatório e que o possa dizer e possa confirmar no Parlamento aquilo que já sabemos que o relatório diz : que a ministra sabia que ia haver uma greve, que a ministra sabia das condições de trabalho, que não avisou o INEM e que depois mentiu sobre esse conhecimento ”, atirou a líder bloquista.

A coordenadora do Bloco de Esquerda diz que só não chama também a própria governante ao Parlamento porque espera “que ela esteja demissionária".

Não há quaisquer condições para a ministra se manter à frente do Ministério da Saúde ”, sublinhou.

Livre e PCP à margem dos pedidos de demissão

Já o Livre não pede, para já, a saída da ministra, mas exige explicações do Governo, que acusa de agravar os problemas na saúde.

É o primeiro-ministro que tem de tomar essa decisão e é a ministra também que tem que avaliar se tem condições políticas para continuar no cargo”, defendeu o deputado Paulo Muacho.

“V ai chegando a hora de se tomar uma decisão e de percebermos se , efetivamente , a m inistra tem ou não capacidade para continuar em funções .”

TIAGO PETINGA/LUSA

Quanto ao PCP, pede para ouvir a ministra da Saúde no Parlamento, mas sobre os atrasos das obras do novo hospital público central do Alentejo.

No requerimento a que SIC teve acesso, o partido pede também a audição do conselho de administração que se demitiu.

Os comunistas consideram preocupante que o ministério se desresponsabilize e delegue as competências na unidade local de saúde, e, por isso, exigem esclarecimentos urgentes.