O secretário-geral da ONU, António Guterres, está "muito preocupado" com as "violações significativas" da soberania síria e da integridade territorial, e com os ataques israelitas na Síria, realçou hoje o seu porta-voz.
O diplomata português "está muito preocupado com as recentes violações significativas da soberania e integridade territorial da Síria", destacou o seu porta-voz, Stéphane Dujarric.
"[Guterres] Está particularmente preocupado com as centenas de ataques israelitas em vários locais da Síria", acrescentou.
Além disso, Dujarric destacou que "muitos países dão justificações para violar a soberania de outros", depois de ter sido questionado sobre a justificação de Israel, que afirma que ataca o país para evitar que as armas acabem em mãos erradas.
"Neste momento, a Síria precisa do apoio dos seus vizinhos para avançar para uma forma de governo que seja inclusiva, democrática e que proteja os direitos das minorias", vincou ainda Dujarric, na sua conferência de imprensa diária.
Israel anunciou nos últimos dias centenas de ataques contra locais militares estratégicos na Síria, onde uma coligação rebelde dominada pelo grupo islamita sunita HTS, ou Organização de Libertação do Levante derrubou no domingo o regime de Bashar al-Assad.
Após a queda de al-Assad, o Exército israelita entrou também na zona tampão no limite da parte dos Montes Golã ocupados e anexados por Israel, em "violação" do acordo de retirada de 1974 entre a Síria e Israel, segundo para a ONU.
O porta-voz sublinhou que é necessário que a Síria garanta que as armas existentes no país não sejam expostas "a pilhagens ou desaparecimento".
Dujarric exigiu ainda que todas as partes em conflito respeitassem o Acordo de Separação de Forças assinado em 1974 e condenou todas as ações incompatíveis com o acordo.
Em referência ao tratado, o porta-voz de António Guterres pediu às partes que ponham fim a "toda a presença não autorizada na separação aérea" e que se abstenham de realizar "qualquer ação que possa prejudicar o cessar-fogo e a estabilidade nos Montes Golã".
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, destacou em 8 de dezembro que não permitirá que "nenhuma força hostil se estabeleça" junto à fronteira com Israel, numa referência aos Montes Golã ocupados, o planalto sírio ocupado principalmente por Israel desde a guerra de 1973.
Dujarric insistiu que, embora mantendo a ordem pública, é obrigatório "apoiar acordos de transição credíveis, ordenados e inclusivos na Síria".