O advogado de defesa do agente da PSP que baleou Odair Moniz, na Cova da Moura, garante que estava presente no local uma arma branca. Ainda assim, Ricardo Serrano Vieira não adianta se o polícia decidiu prestar declarações ou não.

“Posso dizer, não violando o segredo de justiça e o segredo profissional, é que efetivamente há uma arma branca”, afirmou o advogado Ricardo Serrano Vieira, esta quarta-feira, em declarações aos jornalistas.

Afirmando que não pode adiantar qualquer outra informação, o advogado recorda que “compete agora à investigação fazer as diligências que entender”.

“Estamos na fase recolher depoimentos de testemunhas, relatórios periciais e, no final, se for necessário, viremos a algum interrogatório complementar. O arguido também pode, eventualmente, requerer o interrogatório parlam entar, quando tiver acesso ao processo – que ainda não teve” , referiu.

O caso que levou à morte de Odair Moniz aconteceu a 21 de outubro.O agente da PSP disparou contra Odair Moniz, no decorrer de uma perseguição policial, que terminou no bairro da Cova da Moura, na Amadora.

Conhecidos os factos, o agente foi de imediato ouvido pela Polícia Judiciária (PJ) e constituído arguido por homicídio simples. Mas a investigação ainda decorre para esclarecer o que realmente aconteceu naquela madrugada, numa altura em que vieram a público duas versões da ação policial.

Primeiro, o agente alegou legítima defesa. Disse à PJ que tanto ele como o colega que o acompanhava foram atacados fisicamente por Odair Moniz, depois do homem ter desobedecido a uma ordem de paragem. Mais tarde, afirmou que, afinal, não fora alvo de nenhuma tentativa de agressão com arma branca por parte da Odair Moniz. O homem teria uma faca, mas não chegara a usá-la durante os confrontos com os dois agentes.

O polícia foi obrigado a entregar a arma, mas não está suspenso de funções. Desde o dia da morte de Odair que está de baixa. Quando regressar ao trabalho, será transferido de esquadra. Também o segundo agente que estava no local do homicídio foi transferido.

Os tumultos

A morte de Odair Moniz originou umaonda de tumultos em várias zonas da Grande Lisboa.

O caso mais grave ocorreu em Santo António dos Cavaleiros, no concelho de Loures, quando um motorista de um autocarro foi atacado e queimado. Dois suspeitos deste crime ficaram em prisão preventiva, indiciados pelos crimes de homicídio qualificado na forma tentada, incêndio e dano.

Na segunda-feira, a Polícia Judiciária deteve outros dois homens, que terão também estado envolvidos nos desacatos.Vão, entretanto, ser presentes a juiz.