"É claro que existem novos capítulos na guerra e estamos a trabalhar no restabelecimento da paz. Estamos concentrados em defender o nosso território, mas vemos que a Rússia mobiliza mais recursos, mais pessoas, que vão aumentar o seu orçamento de defesa para o próximo ano e que estão a aumentar a sua produção de defesa e a remodelação dos atuais equipamentos. Produzem, recondicionam e colocam na guerra", disse Rustem Umerov, falando com jornalistas europeus, incluindo a Lusa, na capital ucraniana, em Kiev.

A posição surge no dia em que o novo presidente do Conselho Europeu, António Costa, chegou a Kiev para passar o primeiro dia do seu mandato, acompanhado pela chefe da diplomacia da UE, para garantir apoio à Ucrânia face à invasão russa.

Falando ao grupo de jornalistas que acompanham a comitiva, Rustem Umerov elencou: "Temos um plano e uma direção claros e sabemos como enfrentar estes desafios. O plano de vitória do Presidente Zelensky apresenta a visão do restabelecimento da paz e estamos a concentrar-nos nos principais pilares deste plano, que são a criação de novas reservas militares, reforçar o nosso ataque de defesa aérea, atacar os ativos estratégicos russos e assegurar o fornecimento de armamento crítico, como as munições de artilharia, e ainda incluir o desenvolvimento da nossa capacidade industrial de defesa com as empresas europeias de defesa para garantir um fornecimento estável."

"Também estamos concentrados em trabalhar com parceiros europeus em matéria de coprodução e coinvestimentos na Ucrânia e a cooperar também fora da Ucrânia em todos os domínios da base industrial de defesa", acrescentou.

Nesta questão, Rustem Umerov precisou que a capacidade da base industrial de defesa da Ucrânia é de 25 mil milhões de dólares.

"E a Ucrânia vai investir até 10 mil milhões de dólares, ou até 14 mil milhões, pelo que vamos necessitar de dinheiro adicional dos nossos parceiros", apelou.

"Já defendemos o nosso país nos últimos 10 anos [desde a invasão da Crimeia], mais 1.000 dias de invasão [russa] em grande escala, e estamos gratos a todas as nações que nos apoiam", referiu ainda o responsável pela tutela da Defesa, que está no cargo desde setembro do ano passado.

Esta manhã, António Costa chegou a Kiev, numa comitiva composta pela alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, e a comissária europeia do Alargamento, Marta Kos, que também iniciam hoje funções no executivo comunitário.

A deslocação de alto nível à Ucrânia acontece após dias de intensos ataques russos contra infraestruturas energéticas críticas do país e no arranque da estação fria no país, que se teme que seja crítica, razão pela qual a UE já mobilizou ajuda, além do apoio (político, humanitário, militar e financeiro) disponibilizado ao país desde a invasão russa em fevereiro de 2022.

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