"Estamos preocupados com o risco de engenhos explosivos, uma vez que as pessoas continuam a deslocar-se. Os nossos parceiros identificaram mais de 50 campos minados nos últimos dez dias, o que está a restringir a circulação de civis", afirmou o porta-voz do secretário-geral, Stephane Dujarric, na sua conferência de imprensa diária.
O secretário-geral sublinhou que a descoberta destas zonas minadas está a causar perturbações nas entregas de ajuda humanitária, mas que "as operações estão a ser retomadas à medida que as condições de segurança o permitem".
"Os nossos parceiros locais e nacionais em Homs estão gradualmente a retomar as atividades humanitárias. Entretanto, no nordeste do país (controlado pelas Forças Democráticas Sírias, uma aliança militar curda), as atividades humanitárias têm sido limitadas pela insegurança", afirmou Dujarric.
"Apesar destes desafios, os nossos parceiros conseguiram distribuir dezenas de milhares de colchões, cobertores, sacos-cama e lâmpadas individuais aos centros de acolhimento de pessoas deslocadas em al-Tabqa e Raqa", acrescentou o porta-voz do secretário-geral.
Após quase 14 anos de guerra civil na Síria, a Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) estima que o conflito tenha provocado o êxodo de sete milhões de pessoas deslocadas internamente e cinco milhões de refugiados fora do país, sobretudo para a Turquia, mas também em países vizinhos como o Líbano, a Jordânia, o Iraque e o Egito.
Milhares destas famílias procuram agora regressar às suas casas, depois de uma coligação liderada pela Organização de Libertação do Levante (HTS) ter derrubado Bashar al-Assad na sequência da ofensiva militar.
Mesmo assim, a ONU apelou nas últimas horas à "prudência" antes de tomar a decisão de regressar à Síria, que se encontra no meio de um processo de transição política incerto, e instou os países de refúgio a evitarem pressionar as populações sírias a regressarem à república árabe.
"O Secretário-Geral e a sua equipa farão tudo o que estiver ao seu alcance para dialogar com os principais interlocutores na Síria e fora dela, ajudando o povo sírio a encontrar o seu próprio caminho para a construção de um país que seja inclusivo e respeite os direitos das minorias", sublinhou Dujarric durante a conferência de imprensa.
Também hoje, António Guterres, afirmou que "o fim da ditadura síria" representa um "sinal de esperança" tanto para a Síria como para todo o Médio Oriente, sublinhando que a ONU está "totalmente empenhada" numa "transição suave".
Guterres, que participou numa reunião relacionada com o G20 (grupo das 20 maiores e emergentes economias do mundo) em Pretória, na África do Sul, apelou para que o fim do regime do líder sírio Bashar al-Assad dê lugar a "um processo político inclusivo em que os direitos de todas as minorias sejam plenamente respeitados".
"Estou confiante de que o povo sírio será capaz de escolher o seu próprio destino", disse.
Nas mesmas declarações, o secretário-geral da ONU defendeu uma "Síria soberana e unida", para que "a sua integridade territorial seja totalmente restaurada", sem referir diretamente quais os atores que poderiam pôr em risco essa integridade.
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