Milhares de opositores pró-europeus voltaram a reunir-se, este domingo, junto ao parlamento da Geórgia para exigir novas eleições e a demissão do Governo, que decidiu congelar até 2028 o início das negociações de adesão à União Europeia.

Pelo quarto dia consecutivo, os manifestantes, muitos deles ostentando bandeiras da Geórgia e da União Europeia (UE), bloquearam a avenida central Rustaveli, onde se situa a sede do poder legislativo, fortemente guardada por elementos das forças policiais.

Os protestos nos três dias anteriores originaram confrontos violentos entre opositores pró-europeus e a polícia, que usaram gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar os manifestantes. Pelo menos 44 pessoas foram hospitalizadas no sábado, na terceira noite de protestos.

Zurab Tsertsvadze/AP

O primeiro-ministro georgiano, Irakli Kobakhidze, afirmou hoje, em conferência de imprensa, que os participantes nas manifestações usam a violência "sistematicamente e provocam a polícia".

"Utilizaram formas graves de violência, tentaram mesmo arrombar o edifício do parlamento", acrescentou Kobakhidze, prometendo também que serão investigados casos de uso excessivo da força por parte de agentes policiais.

O chefe do Governo rejeitou categoricamente a possibilidade de convocar novas legislativas, uma das principais reivindicações da oposição, que considerou as eleições de outubro passado como fraudulentas.

"Todos devem aceitar o facto de a Geórgia ter realizado eleições democráticas e de as suas autoridades terem sido eleitas democraticamente", afirmou o primeiro-ministro.

Geórgia dividida desde outubro

A Geórgia está dividida desde que o partido no poder, o pró-russo Sonho Georgiano, declarou vitória nas legislativas de 26 de outubro, com os partidos da oposição (pró-UE) a alegarem que o ato eleitoral foi marcado por irregularidades.

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O anúncio do Governo de que iria suspender as negociações de adesão à UE ocorreu horas depois de o Parlamento Europeu ter adotado uma resolução considerando a eleição do mês passado como não sendo livre nem justa.

Para Bruxelas, as eleições representaram mais uma manifestação do contínuo retrocesso democrático da Geórgia, "pelo qual o partido no poder, Sonho Georgiano, é totalmente responsável".

A UE concedeu à Geórgia o estatuto de país candidato em dezembro de 2023, na condição de cumprir as recomendações do bloco, mas suspendeu a sua adesão e cortou o apoio financeiro no início deste ano, após a aprovação de uma lei de "influência estrangeira", similar a uma existente na Rússia e amplamente vista como um golpe para as liberdades democráticas.

Os legisladores da UE apelaram a uma repetição da votação parlamentar no prazo de um ano, sob supervisão internacional rigorosa e por uma administração eleitoral independente.