O pai e a madrasta de uma menina de dez anos encontrada morta em casa, em Inglaterra, foram esta quarta-feira considerados culpados do seu homicídio.

Urfan Sharif, de 42 anos, foi acusado do assassínio de Sara Sharif juntamente com a companheira, Beinash Batool, de 30 anos, ao passo que o irmão dele, Faisal Malik, de 29 anos, foi considerado culpado de ter provocado ou permitido a morte da menina.

Os procuradores afirmaram que os três arguidos participaram numa "campanha de maus-tratos" a Sara nas semanas que precederam a sua morte. Os três fugiram do Reino Unido para Islamabad, a capital paquistanesa, a 9 de agosto, no dia que se pensa ter sido o seguinte à morte de Sara.

A descoberta do cadáver da menina ocorreu depois de Urfan Sharif ter telefonado do Paquistão para a polícia do Reino Unido a dizer que a tinha "castigado e que ela tinha morrido", segundo os procuradores. Disse à operadora do telefone que não era sua intenção matá-la, mas que lhe tinha "batido demasiado", disseram os procuradores.

A polícia do Paquistão localizou os três suspeitos após uma extensa busca e meteu-os num voo para o Reino Unido. Foram detidos à chegada ao aeroporto de Gatwick, em Londres.

A madrasta, Beinash Batool, e o tio da menina, Faisal Malik, recusaram-se a prestar depoimento, negando o seu envolvimento nos maus-tratos.

O procurador William Emlyn Jones afirmou que os três arguidos viviam na mesma casa que Sara, pelo que era "inconcebível" que só um deles tivesse agido sozinho.

Alegou também que cada um dos suspeitos tentou apontar o dedo aos outros e que a versão de Sharif era que Batool, a madrasta de Sara, era responsável pela morte da menina e ele fizera uma falsa confissão para a proteger.

Segundo o procurador, a violência sobre Sara normalizou-se de tal forma que ninguém estranhou quando ela surgiu com hematomas num churrasco da família.

No entanto, Sara era corajosa e sonhava ser uma princesa de conto de fadas. A sua vivacidade ficou patente num vídeo gravado apenas dois dias antes da sua morte, que a mostrava a dançar em casa, apesar dos vários ossos partidos e das queimaduras de ferro nas nádegas.

"Ver as imagens de Sara a rir e a brincar, mesmo tendo sinais de ferimentos no corpo, e saber que era uma criança feliz na escola, que adorava cantar e dançar, e saber o que lhe aconteceu, são as partes mais tocantes do caso", declarou Libby Clark, procuradora especializada do Ministério Público.