"Num país democrático não pode haver ditadura, em que obrigamos as pessoas a fazerem coisas que não podem fazer, como mandar pessoas porem roupas pretas todos os dias, mandar as pessoas tocarem panelas todos os dias ou na hora que querem. Aí já não há liberdade, é ditadura", declarou o Presidente moçambicano, Daniel Chapo.

Venâncio Mondlane convocou, desde outubro passado, várias manifestações e paralisações de contestação aos resultados eleitorais, pedindo, entre outras ações, buzinadelas, o uso de vuvuzelas, apitos, panelas, e o uso de roupas pretas em protesto, exigindo o que considerava de reposição da "verdade eleitoral".

Em conferência de imprensa, em Cabo Delgado, norte do país, para fazer o balanço da visita de trabalho de três dias àquela região, Daniel Chapo voltou a pedir o fim das manifestações "violentas, ilegais e criminosas", considerando que destroem o país.

"Temos visto a provocar terror na cidade de Xai-Xai [província de Gaza], na província de Inhambane, um pouco na cidade de Maputo, onde obrigam as pessoas a fazerem preços de bens que nem têm noção de quanto os bens custaram às pessoas durante as suas compras, o que não permite que as pessoas possam fazer os preços que ditam, porque é mesmo uma ditadura", disse o Presidente de Moçambique.

Chapo voltou a apelar à consciência dos moçambicanos, defendendo que "não se constrói um país destruindo o próprio país", referindo-se à divergência de opiniões políticas.

"Queimar uma escola, que é o bem do povo, um centro de saúde, central de medicamentos da República de Moçambique, queimar estradas com pneus e no dia seguinte têm covas e querem manifestar de novo, alegando que a estrada tem covas, e esqueceram que andavam a queimar pneus nas estradas", criticou Chapo.

Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro, que deram vitória a Daniel Chapo.

Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.

Desde outubro, pelo menos 353 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 3.500 ficaram feridas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.

O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias, durante as manifestações.

 

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