O Presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro ultranacionalista húngaro, Viktor Orbán, falaram hoje ao telefone sobre a guerra na Ucrânia e a cooperação energética entre os dois países, anunciou o Kremlin (presidência russa).
"Houve uma troca de pontos de vista substancial sobre o conflito ucraniano", afirmou o Kremlin num comunicado citado pela agência espanhola EFE.
Segundo a presidência russa, "Orbán manifestou o seu interesse em apoiar a procura conjunta de soluções político-diplomáticas para a crise, tendo em conta os seus contactos com vários líderes ocidentais".
Putin expressou "as avaliações da Rússia sobre a atual situação na Ucrânia e a política destrutiva do regime de Kiev, que continua a excluir a possibilidade de uma solução pacífica para o conflito", disse o Kremlin.
O líder russo afirmou em várias ocasiões que a Rússia estava disposta a negociar tendo em conta a nova realidade territorial da Ucrânia, mas o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, proibiu qualquer tipo de negociação com o lado russo.
Moscovo entende como a nova realidade da Ucrânia a anexação à Federação Russa das regiões ucranianas da Crimeia, em 2014, e de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson, em 2022, poucos meses após ter invadido o país vizinho.
Orbán, considerado um aliado do Kremlin na União Europeia (UE) e uma referência internacional para a extrema-direita, tem defendido os seus controversos contactos com Putin.
O líder húngaro, cujo país exerce até ao final do ano a presidência rotativa do Conselho da UE, deslocou-se em julho a Moscovo para contactos com Putin, apesar das críticas dos parceiros europeus.
Orbán manifestou a convicção de que a guerra na Ucrânia está perdida e lamentou que a maioria dos líderes políticos europeus não queira aceitar a suposta derrota de Kiev.
Nesse sentido, depositou esperanças no próximo presidente dos Estados Unidos como possível força motriz para o fim do conflito, depois de se ter encontrado com Donald Trump na terça-feira, na Florida.
Orbán afirmou na altura que Trump "ainda não tomou medidas relativamente à guerra" na Ucrânia, porque a lei norte-americana o impede de o fazer até tomar posse, em 20 de janeiro, segundo a agência espanhola Europa Press.
Durante o telefonema de hoje, Putin e Orbán discutiram igualmente a cooperação "económica e comercial" bilateral, em particular "projetos mutuamente benéficos no domínio da energia", segundo o comunicado do Kremlin, também citado pela agência francesa AFP.
A Hungria continua dependente de Moscovo no domínio da energia e importa cerca de dois terços do gás que utiliza da Rússia.