Na antevisão ao jogo frente ao FC Arouca, Bruno Lage, treinador do Benfica, mostrou-se radiante com a mais recente vitória das águias para a Liga dos Campeões, mas garantiu que o foco já está alinhado para o próximo duelo. O técnico dos encarnados comentou, ainda, sobre uma eventual gestão de Di María e Otamendi, dando ênfase à preponderância dos dois argentinos na filosofia do coletivo. No final das perguntas, Lage destacou o retorno de mais um elemento para o leque de opções.

A preciosa vitória frente ao Monaco: «Não é só o sentimento que trazemos do último jogo, é o que trazemos dos últimos três meses. Isso é que é o mais importante. Fizemos mais uma reviravolta no Mónaco, foram três preciosos pontos. Deu-nos a felicidade momentânea de vencermos esse jogo. São três meses de muito trabalho. Nos últimos três meses, tivemos 58 treinos. Desses, tivemos 23 com o plantel completo e desses 23, quer treinos a seguir ao jogo ou como hoje treinos antes do dia do jogo, tivemos 9 treinos para treinar as nossas dinâmicas. Não é olhar só para aquilo de bom que aconteceu no Mónaco, é olhar para o que de bom temos feito nos últimos três meses. Isso é que nos dá confiança. Amanhã temos a responsabilidade de prolongar este nosso momento.»

A (eventual) gestão de Di María: «Temos de realçar é o rendimento da equipa. Estamos muito satisfeitos com toda a gente. Falando do Di María, estamos muito satisfeitos com ele. É um grande jogador. Tenho o prazer de trabalhar com ele e de perceber que é um grande homem. O exemplo disso é vê-lo sentado no banco nos últimos minutos e a sofrer quase como se tratasse de uma final de um Campeonato do Mundo. A forma como ele sofria e depois comemorou a vitória com os colegas. A gestão é olharmos para cada um de forma individual e perceber qual a melhor maneira de tirar o rendimento dos jogadores. Ele não tem tratamento especial. Temos é de olhar para cada um deles enquanto individuo e a forma como recuperam. Há jogadores que recuperam melhor do que outros, em particular com três ou quatro dias de intervalo entre os jogos. Depois disso, é tomar as melhores decisões.»

A excelente fase de Di María e uma possível renovação: «É tão gratificante ver o que ele está a fazer. Estar a projetar o futuro... ainda faltam sete meses para terminar a época. A nossa exigência para com ele é a mesma que os outros. É tirar o melhor partido dele. Vamos recordar para sempre o golo de bicicleta do Di María, hoje o Prestianni marcou e como é pequenino o Otamendi disse que era de triciclo. Este é o estado de espírito que nós temos. Vamos viver o momento. Cá estaremos para ajudar o Di María com o que for. Vou sempre decidir pelo que é melhor para a equipa. Se temos o Ricardo Rocha no banco, também poderemos ter um dia o Di María no banco. São jogadores com enorme experiência. O Ricardo Rocha tem tido um papel muito determinante no nosso trabalho com a linha defensiva e com os esquemas táticos. São jogadores que nos ajudam a ser uma equipa técnica mais forte. Mas vamos desfrutar do momento, Deus queira que o Di María continue a jogar por muitos mais anos. Tem competência. A forma como ele vive o futebol e a forma apaixonada como vibrou no último jogo... O salto que ele faz para dentro do campo quando termina o jogo... É realmente de alguém que está a disfrutar o momento e a gostar de jogar pelo Benfica.»

Dar descanso a Otamendi?: «Fala do Nico [Otamendi] e tem sido um campeão. Até está nomeado para o melhor onze da FIFA. É um privilégio ter jogadores deste calibre no plantel. Regressou da seleção da Argentina com um toque, queria recuperar bem para o Mónaco e quando percebeu que o Tomás [Araújo] não estava pronto para o jogo e deu dois passes em frente para jogar contra o Estrela da Amadora. É um pouco a mentalidade. Acho que os resultados positivos ajudam na recuperação. Toda a gente da linha defensiva tem trabalhado bem. Todos têm jogado bem, inclusive os que jogam menos. Tem de ser em unidade, corridas juntas, quer as horizontais, quer as verticais. Só uma linha defensiva coesa poderia travar os ataques verticais e velocidade do Mónaco. A jogar de três em três dias ou de quatro em quadro dias há sempre risco de lesão. Independentemente da idade há jogadores que recuperam melhor do que os outros, como o Nico [Otamendi] e o Fredrik [Aursnes]. Ao segundo e terceiro dia dão sinais de uma recuperação muito boa e isso tem a ver com a forma como se tratam fora de campo.»

A rodinha depois do apito final em França: «Não foi uma mensagem para dentro nem para fora, foi um ato de liderança. Cumprimento o quarto árbitro, vou em direção do árbitro para o cumprimentar e senti uma alegria e um sentimento de dever cumprido. Elogiei o esforço da vitória, transmiti crença no processo, no trabalho e no treino e de visão. Estamos felizes pela vitórias, mas há um futuro pela frente de sete/oito jogos até ao final do ano que são muito importantes para nós. Foi um ato de liderança que senti que devia ter feito naquele momento. A nossa natureza tem de ser esta. Ficámos felizes pela vitória no Mónaco, mas não podemos estar satisfeitos. Quem treina o Benfica não pode estar contente com isso. A nossa visão é querer mais. Tenho dito que o nosso objetivo até ao final deste ano é chegar ao segundo lugar e reduzir distâncias para o primeiro.»

As mais-valias dadas pelos avançados: Os centrais são assunto fechado, estamos muito satisfeitos. Temos o Nico, campeão do mundo, dois jovens da casa que representam a seleção nacional e o Adrian [Bajrami] a aprender com estes três. A nossa política é termos gente competente de fora e gente competente a ser formada em casa e gente nova a aprender. Não há plano B de fora para nada. Temos em vista os miúdos que chamamos para treinar connosco nas várias posições. Arthur Cabral? Não há lugares garantidos, tem de ser em função do rendimento. O Arthur não ameaça ninguém. Ele, o Zeki [Amdouni] e o Pavlidis trabalham é para a equipa. Há três meses falava-se em crise e no último jogo os três marcaram golos. Isso deixa-nos satisfeitos. Os ponta de lanças estão a aprimorar movimentos que gosto que façam na área. Os golos de cabeça não surgem por acaso, têm trabalhado nisso. Depois ter jogadores competentes nas alas faz com que encontrem os avançados para marcar golos. Temos Pavlidis com seis golos, o Arthur com quatro e o Zeki com quatro. Isso é que é importante.»

Jan-Niklas Beste pronto para ir a jogo?: «Já está recuperado.»