Lito Vidigal é um dos treinadores portugueses que mais pontos somaram em jogos com Sporting, Benfica e FC Porto. Frente ao atual campeão nacional, empatou duas vezes em Alvalade com Belenenses (1-1 em 2014/2015 frente a Marco Silva) e V. Setúbal (0-0 em 2019/2020 perante Rúben Amorim) e ganhou uma pelo UD Leiria (1-0 em 2009/2010 com Carlos Carvalhal do outro lado). Em receções aos leões, empatou ao serviço de UD Leiria (1-1 em 2009/2010 com Carlos Carvalhal), Belenenses (1-1 em 2014/2015 com Marco Silva) e Boavista (1-1 em 2019/2020 com Leonel Pontes) e ganhou pelo Belenenses (3-2 em 2014/2015 com Marco Silva, para a Taça da Liga).
Bateu o FC Porto em dois jogos no Dragão ao serviço de Arouca (2-1 em 2015/2016 com José Peseiro) e Marítimo (3-2 em 2020/2021 com Sérgio Conceição) e em casa empatou com o FC Porto ao serviço do Aves (1-1 em 2017/2018 com Sérgio Conceição). Finalmente, venceu o Benfica pelo Arouca (1-0 em 2015/2016 com Rui Vitória, em Aveiro).
Lito Vidigal sorri quando insinuamos que ele será um dos treinadores que mais têm retirado frutos de estratégias marcadamente defensivas frente aos três grandes. «Defensivo, eu?! Mas ganhar no Dragão ao FC Porto de Sérgio Conceição por 3-2 é ser defensivo?», argumenta. «A verdade é que, quando joguei da forma de que falam, ganhei e empatei muitas vezes», adiciona.
Recusando falar do Sporting-Casa Pia e da estratégia implementada por João Pereira, treinador dos gansos, Lito Vidigal faz a defesa das equipas que têm jogadores com menor talento. «Todos os dias são diferentes uns dos outros, mas todos os dias temos de ser iguais a nós próprios. Não podemos jogar sempre da mesma forma, porque, no futebol, nem sempre dois mais dois é igual a quatro. Temos de olhar para o adversário, ver os seus pontos mais fortes e as suas maiores debilidades e depois jogar em conformidade com a nossa análise. Essencial é encontrarmos a melhor solução para sermos competitivos», explica.
«Se estás com a corda na garganta, como se costuma dizer, temos de ser mais pragmáticos, sobretudo frente às equipas mais dotadas. Se estivermos mais tranquilos na classificação, podemos jogar mais o jogo pelo jogo. Temos sempre, sim, de ser mais fortes na parte tática do que o treinador adversário, pois ele tem jogadores com mais qualidade. O que faz a diferença é o treinador. Temos de perceber as características do adversário, perceber qual o momento que atravessam, qual o momento que a nossa equipa atravessa e colocá-la a jogar de forma a que possa ser competitiva para poder ganhar ou, no mínimo, empatar. Chama-se astúcia tática e, se tiverem dúvidas, leiam Sun Tzu e a Arte da Guerra».
A 21 de julho de 2020, o V. Setúbal de Lito Vidigal foi empatar a Alvalade com o Sporting de Rúben Amorim: 0-0. Os setubalenses jogaram num 4x2x3x1 e, não jogando de forma bonita, foram eficazes. No final do jogo, Lito explicou a estratégia: «Jogámos contra um grande clube, uma grande equipa, com jogadores de alto nível. Fomos competitivos. Em alguns momentos não jogámos aquilo que queríamos, mas faz parte. Nós tínhamos como objetivo conquistar um ponto em Alvalade e conseguimos. Talvez noutra circunstância pudéssemos ter jogado de forma diferente, mas o nosso momento é difícil.»
Lito Vidigal a analisar o Sporting-V. Setúbal de 2019/2020
Ou seja, quatro anos e três meses depois, quando falou com A BOLA, Lito Vidigal foi coerente com o que dissera em Alvalade. Tudo depende do momento. E a verdade é que em 2019/2010, dentro do campo, o Vitória não desceu.