Depois da vitória no Bessa com o Boavista e do triunfo nos penáltis sobre o Alverca na Taça de Portugal, Petit pretende manter o Rio Ave no trilho dos bons resultados na receção ao Moreirense, adversário direto dos vilacondenses na luta pela permanência. O treinador do emblema da caravela fez hoje a antevisão ao encontro com os cónegos e mostrou-se confiante em conquistar os três pontos.

— Vai ser a sua estreia em casa. Como é que estão os seus níveis de ansiedade para este jogo? Que adversário pensa que vai encontrar amanhã?

— Ansiedade não tenho porque já tenho alguma experiência. Agora sobre o jogo, vamos encontrar um adversário moralizado, confiante, com processos bem definidos. Uma equipa que já trabalha junta há dois/três anos, com ideias muito fixas. Estudámos bem o Moreirense e vamos estar preparados para amanhã dar uma boa resposta a esse nosso intuito. Trabalhámos durante estes dias para estarmos melhor e focarmos naquilo que são os nossos processos para dar uma boa resposta e conseguir ganhar.

— Os últimos dois jogos foram vitórias. Se calhar a nota artística não foi assim tão boa. Isso é algo que, nesta fase, não é importante, ou que vão trabalhar para isso?

— O importante no futebol é ganhar! Sei que nós temos um mês de trabalho aqui. Nós, quando chegámos fomos para ao jogo do Bessa com dois dias de trabalho. Havia um processo, uma ideia de jogo com três centrais, mas mudámos e vimos aquilo que poderíamos tentar tirar o melhor partido dos jogadores em termos individuais para que depois o coletivo fosse mais forte. É verdade que os resultados foram melhores que as exibições. Também tivemos aqui um período de dez dias sem muitos jogadores que tiveram nas suas seleções e tivemos de afinar a mudança de sistema. Demora tempo para que os processos sejam assimilados pelos jogadores e possam consolidá-los muito melhor. Eu sei que no futebol não há tempo para resultados, mas, acima de tudo, os jogadores também sabem disso. Nós queremos conseguir um bom resultado com o Moreirense. Passa por ganhar, mas também melhorar em termos de jogo jogado.

— Falando um bocadinho disso, da questão dos resultados e das exibições, no entanto, vê uma equipa já mais na raça, na entrega, na reação à perda?

— Falando de dois jogos, estamos aqui há quase um mês, mas só fizemos dois jogos. Um no Bessa, em que já não ganhámos fora há muito tempo, e um para a Taça. Nós sabemos que na Taça há sempre surpresas. Nós fomos surpreendidos pelo Alverca, mas também há que valorizar aquilo que os jogadores fizeram, ao ir atrás do resultado e conseguimos o objetivo que era passar. Eu sei que as exibições não têm sido como nós pretendemos, mas há um trajeto em que vínhamos três meses com um treinador que estava cá, com um sistema diferente daquilo que nós apresentámos. É natural que estes jogadores, com a mudança de sistema, demorem um pouco a assimilar aquilo as ideias da nova equipa técnica, mas aos poucos vamos dando os conteúdos, o que nós queremos. Agora, acima de tudo, as minhas equipas gostam de intensidade, agressividade, uma equipa que sabe aos momentos de jogo, quando tiver bola, quando deve transitar e esses momentos estão a conseguir trabalhá-los. Nós gostamos de ter sempre todos os jogadores para trabalhá-los e entenderem aquilo que eles querem, mas foi aos poucos, porque tivemos muita gente ausente. Tivemos juntos estes últimos dias para melhorarmos aquilo que é o processo, tanto em termos defensivos como em termos ofensivos e amanhã esperamos estar melhor tal como nos últimos jogos.

— Deve ter visto o jogo do Moreirense com o FC Porto, qual será a melhor receita para vencer o jogo?

— Acima de tudo, é a mesma entrega, a mesma intensidade, mas acima de tudo temos melhor controlo com bola, termos mais paciência, sabemos e estudamos aquilo que é o Moreirense. O Moreirense defende numa linha de um 4-4-2, muito bem planeado. Em termos ofensivos também os estudámos bem, mas aquilo que metemos mais na cabeça é tentarmos passar para os jogadores os nossos processos. Melhorarmos em termos coletivos, melhorarmos em termos individuais. Começo a conhecer melhor os jogadores, porque uma coisa é estar de fora, outra coisa é trabalhar o dia-a-dia e nós só temos neste mês apenas dois jogos. A competição é que lhes vai dar aquilo que nós entendemos em que possam melhorar, mas amanhã esperamos um jogo difícil, mas que possamos dar uma boa resposta. O principal é ganhar, mas acima de tudo um processo diferente em termos daquilo que é a capacidade de ter com bola, saber os momentos, saber quando devemos atacar, por onde e isso trabalhámos esta semana.

— Os dois jogos que esteve à frente da equipa, como dois jogadores a destacar, o Jhonatan com o Alverca e o Miszta com o Boavista. Isto mostra que a competitividade do técnico é grande?

— Sim, a nível dessa posição, precisamente dos guarda-redes, temos aqui um leque de muita qualidade e isso foi a prova dos últimos dois jogos, um para o campeonato e outro para a Taça. Estamos bem servidos com a juventude, com alguma experiência, não só nas posições de guarda-redes, mas por todo o plantel, na aposta do clube, onde a valorização dos seus jogadores, da juventude. Eu também, como treinador, gosto de trabalhar com a juventude, não olho muito para as idades, porque idade dentro do campo não existe, existe a competência, compromisso. Tento melhorar o jogador individualmente em cada posição e depois esses jogadores estão a ganhar o seu espaço, o seu tempo, porque temos também muita juventude, mas estou-me muito satisfeito com aquilo que eles têm trabalhado, de dar aquilo que é o nosso conhecimento em termos de processo, por isso estou-me satisfeito com o comportamento deles.

— O Rio Ave não perde em casa há muito tempo, é importante manter isto? É isto também que passa aos jogadores, que é importante manter os jogos em casa como um ponto forte?

— Tento passar essa mentalidade ganhadora, seja em casa ou fora, o importante é que eles foquem nisso, sabemos que já não perdemos aqui há muito tempo, aqui tem sido a nossa fortaleza, quebrámos um registo também fora de casa e é este equilíbrio, tanto a jogar em casa como fora, que pretendemos, uma equipa equilibrada, que saiba aquilo que se quer e aquilo que cada jogo pede. Por isso amanhã esperamos dar continuidade aos bons resultados.

— No último jogo surpreendeu toda a gente ao convocar o jovem Valentim e fazer as estreia dele e também do Zoabi? O que nos pode dizer deles?

— O Valentim foi chamado porque houve seis jogadores que foram para as seleções, teve a oportunidade de vir trabalhar connosco, é um miúdo com qualidade, atrevido, é aquele miudinho de bairro, que é atrevido em termos daquilo que é com bola, e um desses dias que teve connosco e trabalhou bem. Não olho muito aquilo que é a idade, olho aquilo que é a qualidade do jogador, aquilo que é a evolução do jogador, aquilo que ele pode trazer de frente para dentro do plantel, tanto ele como o Zoabi, são dois jogadores jovens, uma aposta do clube, são jogadores que estão a trabalhar connosco, vão ganhar o seu espaço, tal como o Medina e o Aguilera. São jogadores são jovens, que vêm de competições diferentes, campeonatos diferentes e estão a conhecer aquilo que é a realidade do futebol português, a assimilar as ideias do novo treinador, vão ter o seu espaço, vão ter de trabalhar para continuar a dar o melhor rendimento deles.