A recente decisão da FIA de eliminar a tecnologia híbrida dos carros Rally1 do Campeonato do Mundo de Ralis (WRC) a partir de 2025 gerou uma reação mista entre os pilotos. Esta medida marca uma mudança significativa em relação às regulamentações híbridas introduzidas em 2022, que tinham como objetivo modernizar o desporto e atrair fabricantes. Os pilotos expressaram uma variedade de opiniões, desde desilusão pela abolição da inovação até otimismo sobre os potenciais benefícios para as equipas e os concorrentes mais jovens.
Apoio à Mudança: Redução de Custos e Complexidade
Andreas Mikkelsen, um defensor vocal da mudança, argumentou que os sistemas híbridos causavam mais problemas do que resolviam.
“Devíamos ter híbridos, mas eles deveriam funcionar o tempo todo. Neste momento, é uma despesa enorme, e é mau para o desporto quando os problemas dominam as manchetes,” disse ele.
A experiência de Mikkelsen com sistemas híbridos no Hyundai i20 N Rally1 destacou a sua inconsistência e o impacto negativo na imagem do WRC.
Da mesma forma, Takamoto Katsuta reconheceu os potenciais benefícios da decisão. Ele sugeriu que a remoção dos híbridos poderia reduzir custos, tornando mais fácil para os jovens pilotos entrarem na elite do desporto.
“Se isto ajudar em termos de orçamento e criar mais oportunidades para outros pilotos, então é definitivamente melhor,” disse ele.
Crítica: Uma Oportunidade Perdida para a Inovação
Por outro lado, vários pilotos lamentaram a decisão como um retrocesso para o WRC.
Oito vezes campeão do mundo Sébastien Ogier criticou a medida como míope:
“Parar no meio de um plano nunca é bom para a imagem do desporto. Precisamos de inovação para atrair fabricantes e alinhar com a direção que o mundo está a seguir,” enfatizou Ogier.
Ele destacou a importância de mostrar tecnologia de ponta no rali, sugerindo que o WRC perdeu uma oportunidade de liderar em áreas como pneus sustentáveis ou sistemas híbridos avançados.
Adrien Fourmaux ecoou os sentimentos de Ogier, apontando que a tecnologia híbrida continua a ser relevante para os fabricantes. Ele argumentou que, apesar das frustrações quando os sistemas falhavam, os pilotos apreciavam a potência adicional que os híbridos proporcionavam:
“A maioria dos carros vendidos hoje são híbridos, até Ferraris. Foi bom ter esta tecnologia no desporto.”
Uma Mudança Prática: Equilibrar Desempenho e Simplicidade
A FIA planeia contrabalançar a remoção dos híbridos reduzindo o peso dos carros Rally1 de 1260 kg para 1180 kg e cortando o restritor de ar de 36 para 35 mm. Estas mudanças visam manter uma relação potência/peso semelhante, garantindo um desempenho competitivo.
O campeão mundial de 2019 Ott Tänak, embora não profundamente envolvido no debate, notou que a consistência poderia beneficiar o desporto:
“Se isso tornar as coisas mais consistentes nos próximos dois anos, é uma boa coisa.”
Elfyn Evans reconheceu a natureza surpreendente da decisão, mas expressou confiança nas regulamentos revistos:
“Com a redução de peso, os carros ainda vão ter um bom desempenho. Deve ser aceitável.”
Olhando para o Futuro: Oportunidades e Desafios
Para pilotos como Sami Pajari, que se juntará ao Rally1 a tempo inteiro em 2025, a remoção dos híbridos apresenta tanto desafios como oportunidades.
“O híbrido deu muita potência e tornou o carro incrível de conduzir, mas suponho que ainda pode ser rápido sem ele,” comentou Pajari.
A decisão reflete também questões mais amplas dentro do WRC, incluindo a necessidade de equilibrar a inovação tecnológica com a gestão de custos e a fiabilidade. Enquanto alguns veem a remoção dos híbridos como um movimento pragmático, outros consideram-no uma oportunidade perdida para posicionar o WRC como um líder em inovação automóvel.
Conclusão: Um Futuro Dividido para o Rali
A remoção dos sistemas híbridos dos carros Rally1 sublinha a luta contínua do WRC para reconciliar os avanços tecnológicos com considerações práticas. Enquanto alguns pilotos acolhem a mudança como uma forma de simplificar o desporto e atrair novos talentos, outros temem que isso comprometa a relevância do WRC num mundo cada vez mais focado na sustentabilidade e na inovação.
À medida que o WRC navega por esta fase de transição, o sucesso das regulamentações revistas dependerá de quão bem o campeonato se adapta a estes desafios, mantendo a sua vantagem competitiva e apelo para os fabricantes.