"Há, sobretudo, um espírito aberto e disponibilidade para o diálogo e para encontrar soluções que vão ter que ser criativas e que resultarão seguramente no final num misto de diferentes ideias que têm dado a ser debatidas", disse António Costa.
No seu primeiro dia em funções na liderança da instituição que junta os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE), que escolheu passar em Kiev para garantir apoio comunitário à Ucrânia, o responsável português indicou que, hoje, existe a "emergência da guerra, mas também a urgência de combater as audições climáticas, que não desapareceu, e a necessidade de reforçar a coesão, que não desapareceu".
"Temos tempo para preparar [a discussão]. Eu visitei, nestes últimos dois meses, todas as capitais [da UE] e tive a oportunidade de falar cara a cara com todos os líderes e, portanto, [...] venho bastante confiante porque, ao contrário do que acontecia há cinco anos, as pessoas estão todas muito conscientes da diversidade de desafios que temos pela frente", assinalou, em declarações à Lusa e à CNN Portugal, que acompanharam esta deslocação a Kiev.
Referindo-se à negociação, em 2019, da revisão do Quadro Financeiro Plurianual até 2027, António Costa comparou: "Há cinco anos, toda a gente se fechou nas suas trincheiras, mas desta vez a dimensão do problema leva a que ninguém tenha tantas certezas e que, portanto, não haja trincheiras".
"Como [o antigo primeiro-ministro italiano] Mário Draghi veio sublinhar, é preciso investir mais em investigação e desenvolvimento, é preciso investir mais [...] em qualificação profissional, é preciso investir mais em inovação para podermos ser mais competitivos e, portanto, há um conjunto grande de desafios e toda a gente está muito consciente disso. E toda a gente também está consciente que, perante a dimensão destes desafios. é preciso fazer diferente do que se fez até agora", adiantou.
António Costa afirmou ainda à Lusa e à CNN que, neste mandato, tem como missões "garantir a unidade entre os 27" líderes da UE, bem como "um bom funcionamento entre o conjunto das instituições" comunitárias.
A posição surge no dia em que o novo presidente do Conselho Europeu se deslocou a Kiev para passar o primeiro dia do seu mandato, acompanhado pela chefe da diplomacia da UE, para garantir apoio à Ucrânia face à invasão russa.
O antigo primeiro-ministro iniciou então hoje funções como presidente do Conselho Europeu, a instituição que define as orientações e prioridades políticas comunitárias, num mandato que se estende até maio de 2027.
É o primeiro português e o primeiro socialista à frente da instituição.
António Costa, que fez parte do Conselho Europeu em representação de Portugal durante oito anos (período em que foi primeiro-ministro), conhece já alguns dos líderes da UE, mas pretende, no seu mandato de dois anos e meio, encontrar pontos de convergência para compromissos entre os 27 e tornar a instituição mais eficaz.
Num contexto de tensões geopolíticas (devido à guerra da Ucrânia causa pela invasão russa e de conflitos no Médio Oriente), de concorrência face aos Estados Unidos e China e de transição política norte-americana, a UE quer apostar, próximo ciclo institucional, na competitividade económica comunitária.
Estima-se que a UE tenha de investir 800 mil milhões de euros por ano, o equivalente a 4% do PIB, para colmatar falhas no investimento e atrasos em termos industriais, tecnológicos e de defesa em comparação a Washington e Pequim.
ANE // APN
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