
A EDP encerrou 2024 com um resultado líquido de 801 milhões de euros, menos 16% do que o lucro obtido no ano anterior, revelou a elétrica em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), horas depois de a participada EDP Renováveis ter revelado um histórico prejuízo de 556 milhões de euros.
Para a descida do lucro da EDP contribuíram as perdas da EDP Renováveis associadas à saída da Colômbia, bem como as imparidades que a empresa de energias limpas constituiu para o seu negócio de eólicas offshore nos Estados Unidos da América (EUA), por recear o impacto da política de Donald Trump de colocar um travão na expansão das renováveis no país.
Numa base recorrente, ou seja, sem efeitos extraordinários, o resultado líquido da empresa liderada por Miguel Stilwell de Andrade ascendeu a 1393 milhões de euros, mais 8% do que em 2023.
O EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) baixou 4%, para 4801 milhões de euros. Em termos recorrentes, o EBITDA recuou 1%, para 4954 milhões de euros.
A única rubrica no EBITDA que teve uma melhoria em 2024 foi o negócio de redes de eletricidade no Brasil (crescendo 18%, para o equivalente a 730 milhões de euros). O negócio hídrico e de gestão de energia na Península Ibérica manteve o EBITDA em linha com o ano anterior, em 1,48 mil milhões de euros. Mas a operação eólica e solar viu o resultado encolher 16%, para 1,54 mil milhões de euros. E a gestão de redes na Península Ibérica teve um ligeiro recuo do seu EBITDA, de 2%, para 860 milhões de euros.
Entre os fatores que levaram a uma redução do EBITDA do grupo estiveram a redução dos ganhos com a rotação de ativos (venda de participações em parques eólicos e solares) face a 2023, mas também o facto de em 2023 a EDP ter beneficiado de um ganho extraordinário na venda de uma participação na central espanhola de Aboño. Também a venda, em 2023, da central a carvão de Pecém, no Brasil, beneficiou as contas do ano anterior, efeito que desapareceu em 2024.
A dívida líquida do grupo, por seu turno, teve um aumento de 2%, para 15,56 mil milhões de euros, levando o múltiplo de endividamento (o rácio da dívida face ao EBITDA) a agravar-se, de 3,3 para 3,5.
EDP irá aumentar os dividendos
A administração da EDP considera ter alcançado um “bom desempenho” em 2024, anunciando um programa de recompra de ações próprias num montante de até 100 milhões de euros, a executar nos próximos três meses.
Adicionalmente, a elétrica irá propor à assembleia geral de acionistas um aumento de 3% dos dividendos, passando a pagar 20 cêntimos por ação.