Nos anos 90, quando Maradona entrava no seu ocaso, o Brasil começava a imprimir o conceito do “joga bonito” e um “Fenómeno” que dava pelo nome de Ronaldo começava a despontar, surgia um anúncio de uma marca de detergentes com um slogan arrojado e uma garantia inequívoca. O “branco mais branco não há” é uma expressão quotidiana que se perpetuou e que encontra contemporaneidade agora, também, na “novela Mbappé” que será, provavelmente, a mais extensa a que já se assistiu no futebol.

Não é preciso recorrer a trocadilhos para que os seguidores mais ou menos atentos do espetáculo futebolístico revejam em Kyllian Mbappé um jogador que tem o talento aos seus pés. É sobretudo com o direito que faz balançar com mais regularidade as redes e que dá o impulso para grandes piques. Características, entre tantas outras, que fazem do francês de 25 anos uma das principais referências futebolísticas da atual geração.

Com naturalidade, o sucesso precoce do avançado gaulês tem vindo a ser traduzido em recordes sucessivos. Em 2018, transferiu-se para a capital francesa por um valor de 180 milhões de euros, tornando-se o segundo jogador mais caro da história. E, desde então, a carreira de Kylian Mbappé tem gravitado em torno de milhões. A eles, juntam-se um historial digno de ídolo: 14 troféus conquistados, mais de 300 jogos disputados e 250 golos marcados.

Tão grande como estes registos tem sido a novela em torno do seu futuro. É, sobretudo, sobre isso que mais se tem discutido nos últimos dois anos quando se fala do número 10 da seleção gaulesa. Por mais do que uma vez foi dado como certo o acordo com o Real Madrid. A tensão em torno da renovação de contrato com o campeão francês levou a diferendos com a administração. No último verão, a direção do PSG terá recebido (e aceite) uma proposta saudita de 300 milhões de euros e tornar-se-ia no jogador mais caro e bem pago da história do futebol.

De volta ao presente, com o desfecho da época dos parisienses já clarificado, a “novela Mbappé” conta com mais um episódio que tem tanto de previsível como de clarividente: o anúncio, realizado pelo próprio, da sua saída da capital francesa no final desta temporada. E tudo indica que o derradeiro capítulo levará a contracenar com os “blancos” de Madrid. Este desejo dos merengues é tão antigo quanto dispendioso. Apesar do “finca pé” nos 100 milhões de euros de vencimento por temporada que aufere no PSG, Mbappé terá de rever substancialmente esta pretensão salarial que não tem “pés nem cabeça” no contexto atual do Velho Continente.

Numa fase tão decisiva da temporada, com a final da Liga dos Campeões em vista, os madrilenos não querem, naturalmente, que nada nem ninguém desvie o foco da equipa. Mas, salvo algum final totalmente inesperado, o futuro do craque ficou límpido. É caso para dizer que “blanco mais blanco” não haverá. Aos 25 anos, a Mbappé pede-se que não ponha o pé em ramo verde e que tenha cabeça para fazer a escolha mais acertada no panorama desportivo. O mundo do futebol encarregar-se-á de lhe devolver tudo aquilo que, com os seus pés, seja capaz de continuar a conquistar.

Marketeer e formando em Sports Marketing and Sponsorship pela Barça Innovation Hub