Matilde Fieschi

A deputada Diva Ribeiro, do Chega, reagiu a uma intervenção de Ana Sofia Antunes, dizendo que era curioso que a deputada do PS só conseguisse intervir em assuntos que envolve, infelizmente, a deficiência. Rita Matias voltou à quadra, tentando associar a deputada a uma política identitária, que faria os deputados negros falarem de racismo, os portadores de deficiência sobre deficiência e por adiante. Dá-se o pormenor de, em 15 intervenções que Ana Sofia Antunes fez nesta legislatura, aquela ter sido a primeira sobre deficiência, apesar de, tendo sido secretária de Estado da Inclusão, seria normal que assim não tivesse acontecido.

Matilde Fieschi

Depois disto, como se sabe, o ambiente aqueceu. “Aberração”, "drogada", “pareces uma morta”, foram alguns dos insultos vindos da bancada do Chega. Não foram novos. Desde que este partido chegou ao parlamento que a incivilidade tomou conta do hemiciclo. A postura mais tolerante do novo presidente da Assembleia da República não parece ter acalmado a bancada, empoderada por forte crescimento eleitoral. Pelo contrário. A intimidação de oponentes nos debates parlamentares, televisivos ou em redes sociais e a estratégia de degradação da imagem da Assembleia da República e de todas as instituições democráticas reforçaram-se, sem que a segunda figura do Estado pareça disponível para usar os instrumentos que o regimento lhe oferece ou para debater regras mais apertadas. A disciplina que se exige nas salas de aulas, o respeito pelas regras que se usa para atacar minorias e imigrantes, tudo isto parece poder ficar á porta do Parlamento. Se os eleitores não punem pelo voto, não há limites para o eleito. Assim parece pensar Aguiar-Branco.

Matilde Fieschi

É mais que uma entrevista, é menos que um debate. É uma conversa com contraditório em que, no fim, é mesmo a opinião do convidado que interessa. Quase sempre sobre política, às vezes sobre coisas realmente interessantes. Um projeto jornalístico de Daniel Oliveira e João Martins. Imagem gráfica de Vera Tavares com Tiago Pereira Santos e música de Mário Laginha. Subscreva (no Spotify, Apple e Google) e oiça mais episódios:

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