Os Democratas, de centro-direita, foram os grandes vencedores das eleições legislativas de terça-feira, mais do que triplicando a votação de há quatro anos. Liderado por Jens Frederik Nielsen, o partido, que apoia um avanço gradual para a soberania, conseguiu 10 dos 31 assentos do Parlamento da região autónoma dinamarquesa.

Uma solução de Governo poderá passar por uma aliança com os populistas do Orientação – partidários de uma independência rápida face à Dinamarca e de uma maior cooperação com os Estados Unidos – ou com os ecologistas do partido Comunidade do Povo.

Entretanto, prosseguem as negociações entre a empresa de telecomunicações da Gronelândia, a Tusass, e a Starlink, fornecedor americano de internet por satélite detido pelo multimilionário Elon Musk, conselheiro do Presidente dos Estados Unidos. Um acordo poderá significar melhores ligações à internet para muitos gronelandeses, sobretudo nas zonas mais remotas.

No entanto, com as ameaças recorrentes de Donald Trump de tomar a maior ilha do mundo – nem que seja pela força –, os gronelandeses avaliam os riscos associados a um tal negócio.

Filipe Santos Costa, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-NOVA) na área de Estudos de Segurança e Estratégia, considera que “esta pretensão americana até veio colocar um freio à vontade de ser independente já”.

A maior ilha do mundo tem uma das menores densidades populacionais do planeta: 56 mil pessoas para mais de dois milhões de quilómetros quadrados. “A Gronelândia precisa de internet por satélite”, mas “não necessariamente da Starlink”. Por isso, o académico aconselha a nação insular a procurar outro fornecedor – de preferência, europeu.

Este episódio foi conduzido pelo jornalista Hélder Gomes e contou com o apoio técnico de Gustavo Carvalho.

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