O conselho de administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Almada-Seixal acusa o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) de faltar à verdade. Uma declaração que surge depois de António Gandra ter afirmado, perante o Parlamento, que aquele conselho de administração não foi demitido.
O desmentido da atual administração, que vai terminar o mandato no final deste ano, vem contrariar a versão dos factos do diretor executivo do SNS.
“O conselho de administração não foi exonerado, não foi demitido. Houve uma conversa feita por mim, com a sra. presidente do conselho de administração (...), e foi uma conversa bastante empática, em que as questões foram colocadas e respondidas, completamente pacífica”, declarou António Gandra, esta quarta-feira, perante os deputados na Assembleia da República, acrescentando que até era a presidente do conselho de administração que queria “imprimir outras linhas orientadoras” naquela ULS.
"Não é verdade"
A administração da ULS Almada-Seixal garante, contudo, que não foi assim que as coisas se passaram.
“O Conselho de Administração (CA) da ULS Almada-Seixal (ULSAS), em defesa da sua honra, dos profissionais desta instituição e dos utentes, vem lamentar, profundamente, as afirmações proferidas pelo mesmo, em resposta aos deputados da Nação, e que não correspondem à verdade ”, é afirmado num comunicado divulgado esta tarde .
A administração afirma que a presidente da mesma, Teresa Luciano, recebeu um telefonema, no dia 3 de setembro, no qual foi comunicada a demissão de todo o conselho de administração, “sem apresentar qualquer justificação". A chamada telefónica, é detalhado no comunicado, durou apenas “2 minutos e 39 segundos”.
Segundo a nota da administração, a demissão foi confirmadano dia seguinte, pela secretária de Estado da Saúde, em entrevista à RTP - e avançando o nome escolhido para a nova liderança: o de Jorge Seguro Sanches, que não chegou o cargo, por considerar que lhe faltavam condições para fazer um bom trabalho, dentro do Hospital Garcia de Orta.
O conselho de administração alega, por isso, que “não é verdade” que o diretor executivo do SNS “não tenha comunicado verbalmente a demissão", nem que tenha reunido coma administração da ULS ou “manifestado qualquer intenção de imprimir uma nova dinâmica de funcionamento”.
A administração vai mais longe e critica a direção executiva do SNS por estar a par das dificuldades de escalas nas urgências e ter sido “incapaz de mobilizar qualquer apoio ou recurso face aos constrangimentos verificados”.
Sustenta que este tipo de dificuldades acontece em diversas ULS por todo o país e que, noutros casos, a situação nunca foi invocada como motivo da demissão dos respetivos conselhos de administração.
“Desafiamos qualquer entidade a fazer melhor do que este conselho de administração”, atira a administração, que diz manter-se em funções, até ao final do ano, apenas pelo “compromisso com o SNS e com os utentes”.