"Podemos confirmar que os dois jornalistas sul-africanos foram detidos em Moçambique. Depois da verificação das suas credenciais e dos documentos diplomáticos da nossa embaixada em Moçambique, as autoridades moçambicanas libertaram os jornalistas", disse o governo sul-africano numa mensagem enviada aos órgãos de comunicação social.

A estação televisiva nigeriana News Central TV e a ONG moçambique Centro para a Democracia e os Direitos Humanos tinham anunciado hoje em comunicados a detenção da jornalista Bongani Siziba e do operador de câmara Sbonelo Mkhasibe quando cobriam os protestos em Maputo, mas nada foi adiantado sobre o terceiro jornalista que estaria a acompanhar os dois colegas sul-africanos.

No comunicado original que dá conta da detenção e do subsequente desaparecimento, o Centro para a Democracia e Direitos Humanos afirmava que os jornalistas tinham sido "detidos e mantidos sem comunicações" desde quarta-feira.

"Todos os esforços para os contactar fracassaram; as autoridades não deram nenhuma explicação sobre a sua situação ou sobre os motivos pelos quais foram retidos sem contactos com o exterior", escreveu a ONG.

Esta iniciativa, denunciou a organização, "mostra a intenção de silenciar a cobertura internacional da atual crise em Moçambique".

Pelo menos 11 pessoas morreram e outras 16 foram baleadas desde quarta-feira em três províncias moçambicanas nas manifestações de contestação de resultados das eleições, revelou hoje a plataforma eleitoral Decide.

Moçambique está hoje no terceiro dia da quarta fase de paralisações de contestação dos resultados eleitorais convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que nega a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos.

Esta fase segue-se aos protestos nas ruas que paralisaram o país nos dias 21, 24 e 25 de outubro, e à paralisação geral de vários dias convocada também por Mondlane, com protestos nacionais e uma manifestação em Maputo, a 07 de novembro, que provocou o caos na capital, com barricadas, pneus em chamas e disparos de tiros e gás lacrimogéneo pela polícia, durante todo o dia, para dispersar.

Venâncio Mondlane anunciou que as manifestações de protesto são para manter até que seja reposta a verdade eleitoral.

MBA // ANP

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