A água com gás pode ter mais benefícios do que se pensava. Um estudo recente, publicado na revista BMJ, uma das mais influentes publicações sobre medicina no mundo, aponta que o dióxido de carbono (CO2) presente na água gaseificada pode influenciar positivamente o metabolismo da glicose para uma sensação de saciedade. Os investigadores alertam, no entanto, que os efeitos não substituem uma abordagem mais abrangente para quem quer perder peso.
De acordo com a investigação conduzida por Akira Takahashi, médico no Hospital de Neurocirurgia Tesseikai, no Japão, o consumo de água com gás leva à absorção de dióxido de carbono pela corrente sanguínea. É depois transformado em bicarbonato pelos glóbulos vermelhos, o que altera o pH celular e estimula a glicólise anaeróbica - um processo que promove o uso de glicose para a produção de energia. A redução dos níveis de glicose no sangue associada a este processo é comparada aos efeitos observados na hemodiálise.
O estudo sublinha, porém, que o impacto metabólico do CO2 é limitado. "O consumo calórico resultante deste processo é pequeno demais para que se espere uma perda de peso significativa apenas com a ingestão de água gaseificada", explicou Takahashi, à Fox News.
Água com gás promove a saciedade
Outro aspeto interessante do estudo é a capacidade da água com gás promover a saciedade. O gás libertado na digestão expande o estômago, ativando recetores que enviam sinais ao cérebro para reduzir o apetite. Este efeito pode levar a uma menor ingestão calórica ao longo do dia. Ainda assim, os especialistas voltam a alertar que confiar unicamente na água gaseificada como estratégia de perda de peso não é eficaz.
"A sensação de saciedade é temporária, e a redução da glicose no sangue, embora real, não substitui os pilares fundamentais de uma dieta equilibrada e da prática regular de exercício físico", aponta Kathleen Jordan, diretora clínica e especialista na regulação do peso, entrevistada pela Fox News.
Embora a ingestão de água com gás possa trazer benefícios, o consumo excessivo pode trazer desconforto, especialmente para pessoas com problemas digestivos, como síndrome do intestino irritável ou refluxo gastroesofágico. Entre os efeitos secundários estão o inchaço e gases.
"A moderação é fundamental para evitar desconfortos e maximizar os potenciais benefícios metabólicos", refere o investigador japonês responsável pelo estudo.
Importa também referir que nem todas as bebidas gaseificadas trazem estes benefícios. Bebidas açucaradas ou com aromatizantes artificiais, como refrigerantes, podem contribuir para problemas de saúde, como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.