O líder parlamentar do CDS-PP, Paulo Núncio, disse esta terça-feira que a entrevista da Procuradora-Geral da República (PGR) à RTP deixou "muitas pontas soltas".

Em declarações aos jornalistas, no Parlamento, Paulo Núncio refere que Lucília Gago "vai ter de explicar" quem são as pessoas que acusa de orquestrar uma campanha contra o Ministério Público.

"Gostaríamos de saber a que pessoas é que a PGR se refere", garantiu, afirmando que a ida de Lucília Gago à Assembleia da República será "uma boa altura para o esclarecer".

"É preciso perceber o que significam as críticas a um conjunto de pessoas que não identificou. Se há pessoas a tentar limitar o trabalho do MP é importante conhecer essas pessoas", disse.

Questionado pelos jornalistas, Paulo Núncio refere que a ministra da Justiça apenas "disse o óbvio".

"Há uma nova pessoa que será nomeada procuradora e é normal", defendeu.

O Livre também considera que a Procuradora-Geral da República deve esclarecimentos ao país.

Aos jornalistas, Paulo Maucho, garantiu que "na sequência da entrevista [à RTP] ainda se justifica mais a audição que foi pedida à Procuradora aqui no Parlamento".

O líder da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, considera “razoáveis” os motivos avançados pela procuradora para incluir o polémico parágrafo sobre o ex-primeiro-ministro António Costa e que já ninguém acredita na “teoria do golpe de Estado”.

Além disso, defende que a Ministra da Justiça também deve dar esclarecimentos ao país quando afirmou que existe desordem dentro do Ministério Público.

O Bloco de Esquerda também se mostrou insatisfeito com os esclarecimentos da PGR.

Fabian Figueiredo lamentou a postura de Lucília Gago, considerando “que perdeu uma oportunidade para esclarecer assuntos centrais junto da opinião pública” e considerou incompreensível que o relatório de atividade do Ministério Público não esteja concluído, fazendo atrasar a audição de Lucília Gago no Parlamento.

O PCP considera que a ida da Procuradora-Geral da República à RTP não pode substituir uma ida ao Parlamento

"Há aspetos muito relevantes do funcionamento da justiça que não foram abordados nesta entrevista, designadamente as frequentes violações do segredo de justiça e o uso excessivo de obtenção de alguns meios de prova por via de medidas que são muito intrusivas relativamente à privacidade dos cidadãos", disse António Filipe aos jornalistas.

Chega defende Procuradora-Geral da República

Em declarações aos jornalistas, André Ventura afirmou que a entrevista de Lucília Gago "permitiu esclarecer algumas informações" e diz ter ficado esclarecido em relação ao parágrafo sobre o então primeiro-ministro no comunicado de 7 de novembro sobre a Operação Influencer.

Além disso, diz que Lucília Gago tem razão quando fala numa campanha orquestrada e diz que algumas das reflexões e elementos deixados pela procuradora "não são tranquilizadores para o futuro que queremos da relação da justiça com o país".