Autoridades de imigração norte-americanas interrogaram e detiveram um cidadão alemão detentor de um 'Green Card' - autorização de residência permanente nos Estados Unidos - quando regressava de uma viagem ao Luxemburgo, noticiou a imprensa local.

Fabian Schmidt, um engenheiro eletrotécnico de 34 anos, foi transportado para um centro de detenção federal no estado de Rhode Island após ter sido interrogado e detido no Aeroporto Logan, em Boston, na semana passada, depois de regressar de uma visita familiar ao Luxemburgo.

A família de Fabian Schmidt disse desconhecer o motivo da detenção, frisando que o engenheiro mudou-se da Alemanha para os Estados Unidos com a sua mãe em 2007 e recebeu o 'Green Card' em 2008, visto que foi renovado recentemente.

A família, que agora mora em New Hampshire, afirmou ainda que Schmidt não tem nenhum caso pendente com a justiça.

Astrid Senior, mãe de Fabian Schmidt, disse à estação de rádio WGBH que o seu filho foi despido e "violentamente interrogado" durante horas após chegar ao aeroporto de Boston, situação que o serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) negou neste fim de semana.

O homem precisou de atenção médica durante o interrogatório no aeroporto e chegou a ser transportado para um hospital, segundo a rádio WGBH.

"Eu sinto-me impotente. Absolutamente impotente," lamentou Senior.

O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha disse à agência de notícias alemã, DPA, que o consulado-geral em Boston está a acompanhar o caso e está em contacto com Schmidt, os seus familiares e autoridades locais.

O Governo alemão disse ainda que está a "monitorizar" a forma como os seus cidadãos estão a ser tratados quando viajam para os Estados Unidos, na sequência da recente detenção de três alemães em incidentes separados.

Fabian Schmidt é casado e tem uma filha de oito anos - ambas norte-americanas.

A este caso soma-se o de uma médica e professora universitária recentemente deportada dos Estados Unidos para o Líbano, que foi detida após as autoridades de imigração terem encontrado "fotos e vídeos favoráveis" de líderes do Hezbollah no seu telemóvel, o que justificou a expulsão do país, noticiou também a imprensa norte-americana.

De acordo com o jornal Politico, Rasha Alawieh, médica especialista em transplantes renais e professora da Universidade Brown, disse aos agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras que, ao visitar o Líbano no mês passado, compareceu ao funeral do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e seguiu os ensinamentos "de uma perspetiva religiosa", mas não política, de acordo com o relatório oficial do interrogatório.

"A Alfândega e Proteção de Fronteiras questionou Alawieh e concluiu que as verdadeiras intenções [da presença da médica] nos Estados Unidos não puderam ser determinadas", escreveu o procurador assistente dos Estados Unidos Michael Sady num processo judicial sobre o caso.

A mulher, de 34 anos, tinha um visto norte-americano que é normalmente emitido para estrangeiros com habilidades especiais para determinado trabalho que o empregador alega ter dificuldade em encontrar em candidatos dos Estados Unidos.

Um juiz ordenou que a mulher não fosse enviada de volta para o Líbano até que houvesse uma audiência, mas o Governo norte-americano argumentou que as autoridades alfandegárias não receberam a resposta a tempo.

Esta é a mais recente deportação de uma pessoa nascida no estrangeiro com visto dos Estados Unidos, depois de um estudante da Universidade de Colúmbia que liderou protestos contra a guerra em Gaza ter sido detido e o visto de outra estudante ter sido revogado.

O Governo do Presidente norte-americano, Donald Trump, também conseguiu transferir centenas de imigrantes para El Salvador, mesmo com um juiz federal a emitir ordens que proibiam temporariamente as deportações.