A juntar a uma tarde de várias manifestações de protesto contra o resultado eleitoral, mas também de apoio a Nicolas Maduro, o partido da oposição alerta a comunidade nacional e internacional para a detenção do coordenador político Freddy Superlano.

“Temos de denunciar que foi sequestrado há minutos o nosso coordenador político Freddy Superlano. Alertamos a comunidade internacional para a escalada repressiva da ditadura de Nicolás Maduro contra os ativistas da causa democrática e que reclamam pacificamente a publicação dos resultados eleitorais que dão como vencedor [das presidenciais] de forma esmagadora o nosso presidente Edmundo Gonzalez”, lê-se na publicação partilhada há momentos na rede social X.

Vários canais de televisão, entre eles a VPI TV, transmitiram através do YouTube os momentos das detenções, mostrando alegados funcionários das forças de segurança, vestidos de preto e sem identificação visível, a intercetarem e prenderem os opositores, depois levados em viaturas.

Um dos detidos foi, em Caracas, o dirigente do partido Vontade Popular e coordenador do movimento opositor Com a Venezuela, Freddy Superlano.

Ainda na capital venezuelana, foi também detido o coordenador juvenil do partido Causa R, Rafael Sivira, e uma outra pessoa da oposição cuja identidade não foi revelada.

Na ilha venezuelana de Margarita, foi detido o ex-presidente da Câmara Municipal de Marcano, José Ramón Díaz, quando chegava à sua residência na cidade de Juan Griego.

Não há informação oficial sobre os motivos destas detenções. Segundo a ONG Foro Penal (FP), pelo menos uma pessoa faleceu e outras 46 foram detidas.

A líder da oposição Maria Corina Machado e o candidato à presidência Edmundo Gonzalez mobilizaram os apoiantes para uma manifestação em defesa da democracia.

Mas também para esta terça-feira foi convocada outra manifestação de apoio a Maduro, no centro de Caracas. Foi, aliás, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodriguez, que veio a público mobilizar os apoiantes do Governo para se juntarem à frente do Palácio Presidencial.

Tensão aumenta nas ruas

Desde segunda-feira que se registam manifestações em várias cidades venezuelanas contra os resultados oficiais das eleições de domingo, divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral.

Ainda assim, ontem o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou a reeleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato (2025-2031) consecutivo, com 51,2% dos votos.

O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve 44,2%, de acordo com os dados oficiais divulgados pelo CNE.

A oposição venezuelana reivindica a vitória nas presidenciais de domingo, com 70% dos votos para González Urrutia, afirmou a líder opositora María Corina Machado, recusando reconhecer os resultados proclamados pelo CNE.

Vários países já felicitaram Maduro pela vitória, como Rússia, Nicarágua, Cuba, China e Irão, mas outros Estados da comunidade internacional, reconhecidos como democráticos, demonstraram grande preocupação com a transparência das eleições na Venezuela, caso de Portugal, Espanha ou Estados Unidos.

Nove países latino-americanos - Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai - pediram hoje uma "revisão completa" dos resultados eleitorais na Venezuela, país que conta com uma significativa comunidade de portugueses e de lusodescendentes.