
A Amnistia Internacional pediu, este domingo, uma investigação "intransigente" à morte de Alexei Navalny, exigindo à Rússia a verdade sobre o líder da oposição russa, que morreu há exatamente um ano quando cumpria pena numa prisão do Ártico. Pelo contrário, da Europa chegam certezas sobre os “responsáveis máximos” da morte do opositor russo: Vladimir Putin e as autoridades russas.
"As questões sobre a morte de Navalny não vão desaparecer, nem os apelos à responsabilização", afirmou a secretária-geral da Amnistia Internacional (AI), Agnès Callamard, dirigindo-se ao Presidente russo, Vladimir Putin.
Callamard apelou a uma investigação "intransigente" por parte de peritos internacionais imparciais e avisou o Kremlin que "é errado assumir que a memória de Alexei se vai desvanecer e que pode evitar uma investigação exaustiva sobre a sua morte", avança a agência de notícias espanhola EFE.
Reconhecido pelo seu trabalho como líder da oposição, Navalny organizou em 2011 os maiores protestos contra o governo desde a queda da União Soviética.
Alvo de uma tentativa falhada de assassinato em 2020, após nove meses de convalescença na Alemanha regressou à Rússia, onde foi condenado e enviado em 2023 para uma penitenciária do outro lado dos Urais, de onde nunca mais regressou com vida.
A versão oficial sobre a morte de Navalny, tornada pública pela Rússia em agosto de 2024, é de que o líder da oposição -- que tinha sido transladado dois meses antes para uma prisão no Ártico -- morreu de causas naturais, devido a uma arritmia.
Um diagnóstico recebido com ceticismo que levou um grupo de médicos e autoridades de saúde russas a solicitarem a Putin para abrir um processo-crime contra os funcionários da prisão ártica, que consideram terem tido um "comportamento negligente das suas obrigações".
A exigência dos 27 ao Kremlin
A União Europeia (UE) incita Moscovo, através de uma declaração em nome dos 27 países membros, a libertar imediatamente os seus advogados e todos os presos políticos.
"Hoje assinala-se um ano da morte do líder da oposição russa Alexei Navalny, de que o presidente Putin e as autoridades russas têm a responsabilidade máxima", afirmou a alta representante da UE para os Assuntos Exteriores.
Kaja Kallas destaca ainda que "Navalny deu a sua vida por uma Rússia livre e democrática" e, hoje, "injustamente, os seus advogados continuam presos, juntamente com centenas de outros prisioneiros políticos".
Neste sentido, pediu à Rússia para que os libertasse "imediata e incondicionalmente".
A também responsável pela política de segurança da UE afirmou que o Kremlin continua a sua repressão interna, dirigida a todos os que defendem a democracia, enquanto intensifica a sua "guerra ilegal de agressão" contra a Ucrânia.
Kaja Kallas pediu à Rússia que coloque um fim na "brutal" repressão e que cumpra o direito internacional.
A responsável recordou que, desde 2020, a UE sancionou os "responsáveis pelo envenenamento, detenção arbitrária, acusação injusta e a condenação por motivações políticas" de Navalny, que foi reconhecido pelo seu trabalho enquanto dirigente da oposição, ao organizar, em 2011, o maior protesto antigovernamental desde a queda da União Soviética.
Legado de Navalny "continua vivo"
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou hoje que o legado do líder opositor Alexei Navalny na defesa da liberdade e da democracia na Rússia "continua vivo", um ano após a sua morte numa prisão do Ártico.
"A morte de Alexei Navalny aconteceu após anos de perseguição por parte do Kremlin. Não teve medo. Defendeu a liberdade e a democracia frente à opressão. Um ano depois da sua morte, o seu legado continua vivo", indicou o ex-primeiro-ministro português numa mensagem nas suas redes sociais.